No dia 27 abril deste ano, uma mulher negra registrou um Boletim de Ocorrência na 98º Distrito Policial (DP), no Jardim Miriam, zona sul de São Paulo, denunciando o Ricoy Supermercado por constrangimento ilegal. A denunciante, que terá seu nome preservado nesta matéria, afirma que seguranças do supermercado a perseguiram depois que ela deixou o comércio. Os funcionários do Ricoy teriam segurado o braço da vítima e apontado uma arma em sua direção.
"Imaginando estar sendo assaltada, correu por cerca de dez metros, sendo seguida pelos dois referidos indivíduos que após alcançá-la, a seguraram pelo braço", diz o texto do Boletim de Ocorrência. "Um deles, apontando arma de fogo, tirou as duas bolsas de suas mãos e passou a revistá-las".
Ainda de acordo com o documento, a denunciante retornou ao supermercado após a abordagem para confirmar que os seguranças trabalhavam no Ricoy. Então, constatou que “os dois indivíduos que a abordaram eram funcionários do estabelecimento”. Lá, encontrou outros dois clientes que aceitaram testemunhar o ocorrido à polícia.
Outros casos
A mulher que acusa o Ricoy de constrangimento ilegal é a quarta vítima de abusos cometidos pelo supermercado. No dia 2 de setembro, circulou nas redes sociais um vídeo que mostra um adolescente negro, de 17 anos, sendo chicoteado por seguranças do comércio -- que o acusam de furtar um chocolate.
O constrangimento ilegal denunciado pela mulher ocorreu em uma das lojas do Ricoy Supermercados na avenida Yervant Kissajikian.
O segundo e o terceiro casos foram denunciados com exclusividade pelo Brasil de Fato na última quarta-feira (4). Imagens mostram um homem com marcas de chicotadas, amarrado na escada de uma unidade ainda não identificada do Ricoy. Em outro vídeo, uma criança é alvo de tortura psicológica, enquanto é acusada de tentar furtar produtos do estabelecimento.
“Você vai ficar em uma cela cheio de moleques da sua idade, ou mais velho, tem uns lá que gostam de abusar de outro moleque. Olha que legal. Tem uns que vão te dar uma surra bem dada. Olha que legal”, afirma o segurança no vídeo.
Prisão decretada
Os seguranças Waldir Bispo dos Santos e Davi de Oliveira Fernandes, ambos funcionários da KRP Zeladoria Valente Patrimonial, empresa contratada pelo Ricoy Supermercados para os serviços de segurança interna de suas unidades, foram identificados como responsáveis pelas chicotadas no adolescente negro e tiveram a prisão temporária decretada pela Polícia Civil.
Edição: Daniel Giovanaz