Após o Brasil de Fato publicar novas imagens que mostram um homem com marcas de chicotadas e uma criança sofrendo tortura psicológica dentro de uma unidade do Ricoy Supermercados, a Polícia Civil abriu inquérito para apurar as denúncias da reportagem. O processo foi instaurado na tarde desta quinta-feira (5).
Esses foram o segundo e terceiro casos de tortura dentro de uma unidade do comercio que se tornaram públicos. Na última segunda-feira (2), viralizou um vídeo que mostra um adolescente negro, de 17 anos, sendo chicoteado pelos seguranças Waldir Bispo dos Santos e Davi de Oliveira Fernandes, ambos funcionários da KRP Zeladoria Valente Patrimonial, que tiveram a prisão temporária decretada pela Polícia Civil.
“As imagens são correlatas às imagens que deram origem ao primeiro inquérito, do jovem sendo chicoteado. Precisamos saber quem são os agressores, as vítimas e saber o que motivou as agressões. As imagens que o Brasil de Fato publicou mostram crueldade e é preciso apurar o que ocorreu”, afirmou o delegado Pedro Luis de Sousa, responsável pelo 80º Distrito Policial, na Vila Joaniza.
O presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana do Estado de São Paulo (Condepe-SP), Dimitri Sales, considera que, comprovada a reincidência, o supermercado deve ser responsabilizado e ter seu alvará cassado.
“As dependências do estabelecimento estão sendo utilizadas para a prática de tortura. Logo, esse caso tem que ser levado muito mais a sério, a responsabilização cai para além dos funcionários, é uma responsabilização contra o estabelecimento”, afirma Dimitri.
Movimento negro denuncia
Na manhã desta quinta-feira (5), a Coalizão Negra por Direitos, frente que reúne movimentos negros de todo o país e atua na luta por direitos da população negra brasileira junto ao Congresso Nacional e fóruns internacionais, protocolou, no Ministério Público Federal e no Ministério Público Estadual, um documento pedindo a imediata instauração de inquérito nos órgãos para investigar a denúncia de tortura contra o adolescente de 17 anos, que foi chicoteado pelos seguranças do Ricoy.
Para o coletivo, a responsabilidade pelos casos de tortura devem recair sobre o Ricoy. “Ademais, não há que se ausentar o supermercado da responsabilidade pelos crimes praticados pelos seguranças terceirizados. Destacamos que o crime foi praticado dentro das dependências do supermercado ora representado, sob os olhares de seus funcionários e gerentes, fato que demonstra a conivência e responsabilidade da tomadora de serviços”, explica o movimento no texto.
Edição: Rodrigo Chagas