O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu nesta quinta-feira (12) a visita de duas personalidades internacionais: o argentino agraciado com o Prêmio Nobel da Paz (1980), Adolfo Pérez Esquivel, e o jornalista e sociólogo espanhol Ignacio Ramonet. Após o diálogo particular, os ativistas comunicaram as impressões da visita e os recados de Lula.
Em frente à Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR), os intelectuais foram recebidos com festa pelos militantes da Vigília Lula Livre. Esquivel e Ramonet enfatizaram as injustiças contra o ex-presidente que, apesar de tudo -- relataram --, segue firme, consciente e disposto, mas também muito preocupado com os rumos do Brasil e da América Latina frente ao avanço do conservadorismo.
Eleições na Argentina, defesa da Amazônia, soberania nacional, mobilização popular e a chamada Vaza Jato foram alguns dos assuntos discutidos com o petista.
A mensagem enviada pelo ex-presidente, segundo Ramonet, é de amor e solidariedade para todo o povo brasileiro. Na avaliação do sociólogo, “Lula é o preso político mais importante e célebre do mundo” e, por isso, a sociedade deve seguir mobilizada em torno de sua causa. Esquivel seguiu na mesma linha.
"Há um eixo fundamental que é: [Lula] quer que reconheçam sua inocência. Ele não é nenhum delinquente, quer sair e ter a cabeça erguida diante de seu povo e do mundo”, afirmou o argentino.
Com a prisão do ex-presidente, em abril de 2018, Esquivel iniciou uma campanha internacional para que Lula seja premiado com o Nobel da Paz. A decisão é gerenciada pelo Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU).
“Dentro de um mês será designado o Prêmio Nobel da Paz. Ainda não sabemos o que pode acontecer, mas seria muito importante que ele seja outorgado ao Lula. Seria o primeiro Prêmio Nobel do Brasil”, argumentou.
Destaque na luta pelos direitos humanos na América Latina, Esquivel qualificou Lula como um “homem que trabalhou pelo povo brasileiro e latino-americano, pela paz e unidade das pátrias”. No encontro, o argentino entregou ao ex-presidente 15 mil cartas, “uma gota d’água das milhões de pessoas que apoiam Lula no Brasil, na América Latina e, obviamente, no mundo”, definiu Ramonet.
Em entrevista ao Brasil de Fato, o sociólogo afirmou que não basta gritar “Lula livre”, mas compreender o pano fundo e a trama judicial que colocaram um inocente no cárcere. Segundo Ramonet, umas das mensagens de Lula é que as revelações do The Intercept Brasil precisam ser mais difundidas por seus apoiadores, já que parte da mídia comercial tem boicotado ou sequer falado das mensagens divulgadas.
“Uma parte da justiça brasileira, em particular os juízes que o acusaram, não vai desistir da intenção de mantê-lo preso. Por conseguinte, não foi demonstrada nenhuma culpabilidade dele até agora. Lula é inocente, tem a força da inocência e pensa que é mais livre dentro dessa prisão do que seus próprios juízes, que têm a consciência evidentemente marcada pelo fato de tê-lo acusado sendo inocente. Quiseram retirá-lo da vida política para que não fosse um oponente aos políticos conservadores”, argumentou Ramonet.
“Lula é um homem que tem a estatura de [Nelson] Mandela ou [Mahatma] Gandhi na história. Não se pode imaginar Mandela ou Gandhi na prisão. Ele [Lula] tem a estatura dos mais importantes presidentes da América Latina. É o melhor presidente da história do Brasil, não sou eu que estou dizendo isso, são os historiadores. É um homem que já está na história. Como se pode tirá-lo da história para colocá-lo na prisão? É ridículo, uma tristeza”, finalizou.
Edição: Rodrigo Chagas