A Polícia Militar agiu com truculência para desmobilizar uma ocupação urbana na cidade de Palmas (TO), segundo denúncia do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM). Seis pessoas foram detidas porque tentaram ajudar um homem vítima de prisão arbitrária.
Na madrugada de domingo (15), por volta das 3h, 300 famílias ocuparam uma área na Avenida LO 23, do Plano Diretor Sul. O local havia sido desapropriado pelo poder público para abrigar um conjunto habitacional do programa Minha Casa Minha Vida, mas foi recuperado na Justiça pelo antigo proprietário, como relatou ao Brasil de Fato o advogado do movimento, Cristian Ribas.
Pelo Plano Diretor de Palmas, a área deve ser destinada à construção de habitações populares. Segundo o governo do estado do Tocantins, já está em andamento a construção de um prédio com capacidade para 272 apartamentos.
A Polícia Militar chegou aproximadamente às 10h do próprio domingo e fechou um acordo com os ocupantes, segundo o qual eles poderiam se concentrar em uma área da propriedade.
Poucos minutos depois, o proprietário da área foi visto circulando de caminhonete e ateando fogo em outros pontos do terreno. Wesley Vieira, um dos ocupantes que estava no local pré-determinado no acordo, saiu de lá para, segundo os moradores, resgatar sua moto, que seria atingida pelo fogo.
Nesse momento, foi abordado por cerca de 10 policiais, que o prenderam. Outros ocupantes saíram em sua defesa e foram agredidos pela polícia. Beatriz Gonçalves, esposa de Wesley, pediu para acompanhá-lo, foi levada na viatura e recebeu ordem de prisão na delegacia. O casal foi detido sob acusação de esbulho.
Eutália Barbosa, seu filho Guilherme, que é diretor da União Nacional dos Estudantes (UNE), e o coordenador estadual do MNLM, Bismarque Miranda, foram detidos por desacato, conforme tentavam socorrer Wesley.
O advogado Lucas Naves decidiu acompanhar a condução dos detidos à delegacia em seu carro particular e também foi preso, sob alegação de direção perigosa. Após as prisões, a PM seguiu intimidando os ocupantes da área, que tomaram a decisão coletiva de deixar o local.
Os seis detidos foram liberados ainda ontem (15) e respondem às acusações em liberdade.
Polícia Militar
Em nota, a Polícia Militar informou que compareceu ao local para negociar a desocupação e que usou a força “devido à resistência e desacatos proferidos pelos manifestantes”. Quanto ao uso de força excessiva e arbitrariedade, o Comando de Policiamento da Capital disse que irá analisar as imagens para apurar ilegalidades
*Matéria atualizada às 15h45
Edição: João Paulo Soares