Tanto uma indústria quanto a outra tem como seu principal objetivo o lucro
O consumo exacerbado dos chamados alimentos “fast food” e dos medicamentos das farmácias tem algo em comum: Ambos prejudicam a saúde da população e se integram como as coisas que a os brasileiros mais consomem.
Segundo pesquisa realizada pela EAE Bussiness School Espanha, os brasileiros estão entre os maiores consumidores de ‘fast food do mundo. Na América do Sul, ninguém gasta mais em fast food do que no Brasil e o consumo ainda está previsto para crescer mais de 30% até o final 2019.
Em conjunto a má alimentação, em um ano, o brasileiro consumiu, em média, 700 doses de remédios, segundo dados da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma).
Sobre esse assunto, o técnico de enfermagem Lucas Wesley quer saber se as indústrias de alimentos e medicamentos e o sistema em que vivemos colabora para que a população tenha mais doenças e a superlotação dos hospitais?”
Quem responde é a nutricionista e educadora popular, Etel Matielo.
“Na minha perspectiva, eu acho que esses três elementos colaboram para que a população tenha mais doenças por algumas questões. Primeiro, porque o sistema capitalista neoliberal privilegia uma liberação do poder de regulação do estado. Hoje, a gente vê que o estado regulamenta pouco as nossas políticas públicas, tanto a indústria de medicamentos quanto a indústria de alimentos, inseridas nesse sistema, elas tem como seu principal objetivo o lucro. Quanto mais alimentos e medicamentos vender, melhor vai ser para os proprietários e acionistas da empresa. No caso dos alimentos especialmente, o Guia Alimentar para a População Brasileira orienta que se evite os alimentos industrializados ou ultraprocessados, especialmente por um excesso de calorias, e o que a gente chama de calorias vazias que não agregam nutrientes a nossa alimentação. Além disso, as indústrias, de uma forma geral, tem um impacto ambiental muito grande. Se utiliza muita água na sua produção, tanto dos remédios quanto dos alimentos, além do uso excessivo de embalagens, sem contar o transporte. Também tem uma questão importante dos industrializados que é a imposição cultural. Os alimentos são sem identidade, os medicamentos não valorizam as práticas e os cuidados populares de saúde e também tem pouca valorização dos trabalhadores com os salários baixos e poucos direitos trabalhistas” explica.
Edição: Michele Carvalho