No dia 18 de outubro, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) receberá a mais alta honraria concedida pela Câmara Municipal de São Paulo, a Salva de Prata. A iniciativa foi proposta pelo vereador Jair Tatto (PT) e aprovada pela maioria dos parlamentares paulistanos.
Em entrevista, Gilmar Mauro, da direção nacional do movimento, agradeceu à iniciativa de Tatto e à toda a Câmara Municipal. A honraria, segundo ele, deve ser endereçada aos milhões de camponeses que fizeram parte da história do MST, na defesa da reforma agrária e de uma alimentação saudável.
“Essa honraria ao MST queremos estender aos quilombolas, aos indígenas, aos pequenos agricultores, sabendo que esses grupos de trabalhadores produzem o que vai na comida do povo brasileiro”, destaca Mauro.
O plenário que concedeu a honraria teve 38 votos a favor, oito contrários e duas abstenções. Entre os votos a favor, além dos partidos da esquerda, estiveram vereadores do PSDB, PL, DEM, PRB e MDB.
Jair Tatto conta que a votação foi uma oportunidade de dialogar com as legendas de direita sobre o funcionamento do MST. “Vários vereadores reverteram seu voto. Foi um momento de explicar o que é uma produção orgânica, o que significa a Feira Nacional da Reforma Agrária, um dos grandes eventos da cidade de São Paulo”, relata.
A 4ª edição da Feira Nacional da Reforma Agrária estava sinalizada para acontecer em maio deste ano, mas não aconteceu porque o uso do Parque da Água Branca -- onde foram sediadas as edições anteriores -- foi vetado pelo governo do estado. Tatto também foi o autor da lei 17.162, sancionada em setembro deste ano, que incluiu a feira no calendário de eventos da cidade de São Paulo, o que deve facilitar a organização das próximas edições.
“Nós estamos vivendo um momento de obscurantismo, e a sensatez é uma virtude. Sabemos que temos diferenças e estamos dispostos a discuti-las, dentro do espírito democrático, e defendendo aquilo que defendemos historicamente”, acrescenta Mauro, do MST.
O dirigente ressalta ainda que a reforma agrária é uma causa que deve ser pautada por toda a sociedade brasileira. “Além de resolver uma série de problemas sociais, de fome, de miséria, é através da reforma agrária que nós vamos conseguir produzir alimentos saudáveis e preservar a natureza e o meio ambiente”, assinala.
A entrega da Salva de Prata acontecerá em uma Sessão Solene no Plenário 1º de Maio do Palácio Anchieta.
Edição: Rodrigo Chagas