O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi agraciado com o título de Cidadão de Honra da cidade de Paris. A votação ocorreu na tarde desta quinta-feira (3). O Conseil de Paris, uma espécie de Câmara dos Vereadores da capital francesa, afirma que a luta de Lula pelos direitos humanos, a justiça social, a proteção do meio ambiente, são “valores guardados pela cidade de Paris e que colocaram o político em perigo pelo seu engajamento”.
E considera que, diante do que ocorre com o ex-presidente, “todos os defensores da democracia no Brasil são atacados”. Assim, “pela luta constante da cidade de Paris pelos direitos humanos, expressa seu desejo em conceder a homenagem”.
“Trata de uma honraria muito importante, só atribuída 17 vezes desde sua instauração em 2001, a personalidades presas ou em perigo por suas opiniões políticas”, afirma a historiadora francesa Maud Chirio. O ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, a médica indiana Taslima Nasreen e a advogada iraniana Shirin Ebadi são algumas das personalidades que obtiveram a proteção da cidade de Paris e o reconhecimento como perseguidos políticos que não se beneficiaram de um processo justo. “É um símbolo forte para a democracia no Brasil”, define Maud.
O líder indígena da região do Xingu, Cacique Raoni, é o único outro brasileiro já agraciado com essa homenagem, em 2011. Raoni foi atacado pelo presidente Jair Bolsonaro em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, em setembro.
Política proativa
A iniciativa foi da prefeita de Paris, a socialista Anne Hidalgo que, em comunicado, ressaltou o compromisso de Lula com a redução das desigualdades sociais e econômicas no Brasil, o que permitiu que quase 30 milhões de brasileiros saíssem da extrema pobreza e acessassem direitos e serviços essenciais. “Lula se destacou por uma política proativa de combate às discriminações raciais especialmente marcadas no Brasil”, acrescentou a prefeita, dizendo que “por meio de seu compromisso político, todos os defensores da democracia no Brasil são atacados”.
“O Comitê dos Direitos Humanos da ONU pediu às autoridades brasileiras que assegurassem os direitos civis e políticos de Lula, principalmente o de ser candidato. Mas ele teve esse direito negado, apesar de chefes de Estado europeus, de parlamentares franceses e de juristas internacionais denunciarem a inconsistência das provas apresentadas pela acusação”, diz o texto da prefeitura.
A agência de notícias AFP lembra que Lula, que completará 74 anos em 27 de outubro, governou o Brasil de 2003 a 2010 e cumpre condenação a oito anos e dez meses de prisão desde abril de 2018. Condenado por uma investigação da operação Lava Jato, atualmente questionada, Lula continua reivindicando sua inocência.
O noticioso francês reforça que o ex-presidente de esquerda sempre afirmou ser vítima de uma conspiração política que tinha por objetivo impedi-lo de voltar ao poder quando era o favorito na eleição presidencial de outubro de 2018, que resultou na vitória do candidato de extrema-direita Jair Bolsonaro.
Edição: Rede Brasil Atual