“Durante longas datas, a existência de petróleo no Brasil foi uma questão morta”. Frase de um “entendido no assunto” durante a reportagem que o jornal A Nação publicou, em 1939, quando finalmente se confirmou as jazidas de petróleo em Lobato, bairro de Salvador (Bahia). O primeiro reconhecimento oficial da existência de petróleo em solo brasileiro teve início com o trabalho realizado pelo Sr. Oscar Cordeiro.
Ainda em 1935, quando o petróleo de Lobato era apenas uma especulação, o Sr. Oscar Cordeiro comprava briga contra o cerco de estrangeiros e a opinião negativa de alguns técnicos. Em 13 de março daquele ano, o jornal A Noite, trouxe nota em que Cordeiro afirmava a ação de “estrangeiros” que haviam mandado “entupir os poços de petróleo em Lobato”. Em outra reportagem o professor Othon Leonardes lançou nota afirmando que o Sr. Cordeiro “invadiu essa propriedade, servindo-se do argumento de que ele é revolucionário” e reafirma: “não existem minas de petróleo em Lobato”.
Porém, em janeiro de 1939, o jornal A Noite, reportou as notícias que “vieram a encher de júbilo todos os brasileiros”. Segundo os técnicos responsáveis pelas perfurações, “o óleo de combustível jorrava pelo furo da sonda, com tal violência que ameaçava desmontar a perfuradora”. “O maior acontecimento econômico da atualidade, destinado à repercussão extraordinária em todo mundo”, afirmou o chefe dos técnicos Dr. Fróes de Abreu.
Nesse mesmo mês, o jornal A Noite, trazia a manchete “Romaria ao local da jazida”, em que abordou a velocidade atingida pela notícia da descoberta, quando “o local da perfuradora, em poucos instantes, tornou-se um ponto de romaria de milhares e milhares de pessoas”. De acordo com a reportagem, a empolgada multidão fazia “questão de levar um frasco com amostra do petróleo”. Assim, Lobato, bairro periférico de Salvador, terminou por descobrir o “ouro preto” e, naquele ano de 1939, assistiu a história do petróleo no Brasil jorrar pela primeira vez do seu subsolo.
* Leonardo Cruz é historiador.
Edição: Isadora Morena
