O Brasil deve registrar cerca de 60 mil novos casos de câncer de mama apenas neste ano, que é o de maior incidência entre as mulheres, depois do câncer de pele. Os dados são do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
O mês de outubro é marcado pela campanha “Outubro Rosa”, focada da prevenção e detecção precoce desse tipo de tumor. As chances de cura podem chegar a 95% em caso de diagnóstico precoce, segundo o Inca.
A ação de 2019 reforça três pilares estratégicos no controle da doença: prevenção primária (como reduzir o risco de câncer de mama), diagnóstico precoce (divulgar sinais e sintomas da doença e incentivar a mulher a observar o próprio corpo) e mamografia (informar que para mulheres de 50 a 69 anos é recomendada a realização de uma mamografia de rastreamento a cada dois anos).
Em entrevista à Rádio Brasil de Fato, nesta sexta-feira (04), médica Nathália Neiva, da Rede de Médicas e Médicos Populares, questionou as orientações vigentes atualmente. Ela critica o método de “rastreio universal” e defende que a periodicidade e submissão à mamografia seja realizada de acordo com a classificação de risco de cada mulher.
“Estudos tem sido feitos colocando que esse rastreio a partir dos 50 anos, de forma universal, de considerar todas as pessoas com risco igual, tem sido inclusive maléfico. A gente precisa pesar, dosar quem é essa mulher que está ali na nossa frente, pra realmente compreender se vale a pena fazer essa avaliação bianual, ou mesmo anual, como tem sido feito em alguns serviços de saúde”, avalia.
O câncer de mama não tem uma causa única. Diversos fatores estão relacionados ao aumento do risco de desenvolver a doença, tais como: idade, fatores endócrinos e história reprodutiva; fatores comportamentais e ambientais e fatores genéticos e hereditários.
A realização periódica dos exames de mamografia, segundo a médica, tem levado a um "sobrediagnóstico". Ela explica que o termo se refere a detecção de nódulos que possivelmente seriam benignos, com taxa de evolução lenta e sem potencial para causar morbidade ou o adoecimento da mulher.
“Às vezes ele [o nódulo] leva 20, 30 anos para desenvolver uma doença, que é um tempo que as pessoas inclusive estarão acometidas por outros problemas de saúde. A gente acaba submetendo a pessoa a tratamentos que afetam sua qualidade de vida. O diagnóstico já tem vários impactos no seu dia a dia, na sua rotina, nas relações com familiares”, diz.
Na oncologia, é utilizado o processo de estadiamento para determinar a extensão do câncer presente no corpo de uma pessoa. De acordo com Nathália Neiva, quando se identifica um adenocarcinoma, que são os cânceres mais comuns de mama, “se é feito um tratamento precoce, quando não tem uma metástase e que ele não está infiltrado, a chance de cura é maior”, conclui.
Edição: Guilherme Henrique