Amazônia

Papa Francisco pede respeito aos povos indígenas e critica “colonização ideológica”

Declaração ocorreu durante primeira sessão de trabalhos dos bispos que participam do Sínodo da Amazônia

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Papa também pediu que qualquer impulso para tentar “domesticar os povos originais” seja contido
Papa também pediu que qualquer impulso para tentar “domesticar os povos originais” seja contido - Foto: Tiziana Fabi/AFP

O Papa Francisco afirmou nesta segunda-feira (7) que o mundo deve respeitar as populações indígenas, deixando com que elas planejem seu próprio futuro, e condenou imposições culturais e ideológicas sob os povos originais. A declaração foi dada durante a primeira sessão de trabalhos dos bispos que participam do Sínodo sobre a Amazônia

Segundo o pontífice, “a colonização ideológica é muito comum hoje”. Ele também pediu que qualquer impulso para tentar “domesticar os povos originais” sejam contidos. 

“Que nos aproximemos [dos indígenas] sem o afã empresarial de fazer programas pré-confeccionados de disciplinar os povos amazônicos, disciplinar sua história e cultura. Isso não. Quando a Igreja se esqueceu disso, de como tem que se aproximar de um povo, não o inculturou. Inclusive, chegou a menosprezar certos povos”, disse. 

O pontífice lembrou ainda que “os povos amazônicos possuem entidade própria, sabedoria própria, consciência de si. Eles têm uma maneira de ver a realidade e tendem a ser protagonistas da própria história”.

Não é a primeira vez que o Papa Francisco se posiciona contra posturas coloniais. Em 2015, ele já havia pedido perdão em nome da Igreja pelos erros dos missionários europeus que acompanharam os colonizadores. Na ocasião, ele afirmou que a instituição adotou uma atitude “depreciativa” em relação aos povos originais.

Sínodo

O Sínodo da Amazônia, que começou neste domingo (6), no Vaticano, reúne 250 participantes, a maior parte formada por bispos. A reunião pretende discutir a situação da igreja na região amazônica, além de questões voltadas à proteção do meio ambiente e aos povos indígenas. 

Outros temas, considerados tabus pela Igreja, como a permissão para que homens casados sejam sacerdotes e para que mulheres possam comandar cerimônias religiosas também devem ser debatidos. 

O Sínodo da Amazônia havia sido anunciado pelo papa em 2017. Ele é organizado em dois eixos: pastoral católica e ambiental. Após meses ouvindo a população amazônica, os bispos se reúnem para discutir os temas. As reuniões acontecem até 27 de outubro.

Desde o início do Sínodo, o pontífice teceu uma série de comentários condenando o aumento das queimadas na amazônia. Segundo ele, o fogo aplicado pelos interesses que destroem, como o que recentemente devastou a Amazônia, não é o do Evangelho”. 

Ainda segundo ele, “o fogo devorador alastra quando se quer fazer triunfar apenas as próprias ideias, formar o próprio grupo, queimar as diferenças para homogeneizar tudo e todos”. 

Edição: Rodrigo Chagas