Uma comitiva de sete lideranças indígenas brasileiras viajará à Europa a partir do dia 17 deste mês, percorrendo 12 países e 35 cidades em 35 dias. Dialogando com autoridades públicas, parlamentares, ativistas, artistas e lideranças de movimentos sociais, os integrantes da jornada pretendem denunciar as agressões aos povos indígenas e ao meio-ambiente pelo governo Jair Bolsonaro (PSL).
Alberto Terena, Kretã Kaingang, Célia Xakriabá, Elizeu Guarani Kaiowá, Angela Kaxuyana, Dinaman Tuxá e Sônia Guajajara - que foi candidata a vice-presidência pelo PSOL nas eleições de 2018 - integram o grupo.
Os indígenas devem iniciar as conversas no Vaticano, aproveitando o Sínodo da Amazônia, que teve início no domingo (6) vai até 27 de outubro. Dali partem para Itália, Alemanha, Suécia, Noruega, Holanda, Bélgica, França, Portugal, Reino Unido e Espanha.
Além de denunciar violações, a viagem que usar a pressão externa para que o governo e empresas do agronegócio cumpram os tratados de meio ambiente e respeito aos direitos dos povos indígenas dos quais o Brasil é signatário, "entre eles o Acordo de Paris, a Convenção 169 e a Declaração da ONU sobre os povos indígenas”.
Intitulada “Sangue Indígena: Nenhuma Gota a Mais”, a jornada é organizada pela Articulação dos Povos Indígenas Brasileiros (Apib) e outras entidades.
Na divulgação da missão, os indígenas apontam o aumento expressivo das queimadas (82%) e do desmatamento (63%) em todo o país em relação ao ano passado.
Citando dados do Cimi, relembram as 160 invasões em 153 terras indígenas neste ano - o que já é um número 44% maior do que aquele registrado em 2018 - e, por fim, o assassinato do cacique Emirá Wajãpi, no Amapá, como exemplos do recrudescimento das agressões.
"Os povos indígenas brasileiros estão sendo empurrados para uma guerra que não tem hora para acabar, necessitando cada vez mais da solidariedade da opinião pública nacional e internacional", diz o grupo no site oficial da iniciativa.
Edição: João Paulo Soares