O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) inicia, nesta terça-feira (15), a jornada de Lutas “Se a Vale destrói, o povo constrói”. O objetivo é denunciar os crimes cometidos pela mineradora, como o rompimento das barragens de Mariana, em novembro de 2015, e de Brumadinho, em janeiro deste ano, que vitimou 250 pessoas e deixou 20 desaparecidos
O lançamento da jornada será realizado na sede do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), às 18h, em São Paulo. A abertura do evento contará com a presença do ex-ministro dos Direitos Humanos do Brasil e ex-membro da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi.
Para saber mais sobre o propósito e ações realizadas no âmbito da jornada, o integrante da Coordenação do MAB Minas, Thiago Alves, participou do programa Brasil de Fato São Paulo desta terça-feira (15).
“Queremos denunciar os crimes reincidentes cometidos pela Vale e das mineradoras associadas. E construir um processo de mobilização social amplo, tanto na Bacia do Rio Doce quanto na do Paraopeba, com a finalidade de construir uma unidade de pauta, organizativa e política dos atingidos na luta pelo seus direitos”, explicou.
Alves destacou ainda a relevância do diálogo com a sociedade tendo em vista que as violações cometidas pela Vale em Mariana e Brumadinho são crimes contra a humanidade.
Entre as atividades previstas durante a jornada está a construção de uma casa para uma das famílias de Barra Longa. A cidade foi atingida em 2015 após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana. Segundo o MAB, 362 famílias ficaram desabrigadas e 19 pessoas mortas. O mutirão foi nomeado pelo grupo de ‘A Solidariedade Constrói Direitos’.
Após o crime ambiental, a mineradora Samarco Mineração S.A e suas proprietárias Vale S.A e BHP Billiton Brasil Ltda juntamente com os governos de Minas Gerais e Espírito Santo e Federal criaram a Fundação Renova. A entidade seria responsável pela reparação de todos os danos provocados.
Thiago Alves denuncia, no entanto, que quatro anos após o crime “a Vale não fez nenhuma moradia nos reassentamentos coletivos na região de Mariana em Barra Longa”.
O ato político de lançamento de construção da casa está previsto para amanhã na cidade de Barra Longa. “É um ato político. Feito em solidariedade. Como uma das formas de luta pelo direito à moradia”, explica.
O integrante do movimento entende a decisão da empresa de não construir as moradias como política. Isso porque “quanto mais tempo ela [a Vale] demora para reconstruir os assentamentos, mais dispersas ficam as comunidades e menos dinheiro ela gasta”, conclui.
Para ajudar na compra do material para a construção da casa, o Movimento dos Atingidos por Barragens lançou uma campanha de financiamento coletivo pelo site catarse.
Edição: Guilherme Henrique