A remuneração do 1% da população que ganha em média R$ 27.744 por mês - normalmente executivos de grandes empresas - é 34 vezes maior do que o rendimento da metade da população brasileira, os trabalhadores que vivem com a média de R$ 820 mensais.
Os números constam da Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios Contínua (Pnadc) 2018 divulgada nesta quarta-feira (16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A diferença entre o topo e a base, segundo o IBGE, é a mais alta da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012.
A distância salarial vinha caindo até 2013, ficando estável em 2016. Essa tendência foi revertida a partir de 2017, se alargando em 2018.
A desigualdade aumenta quando o rendimento real do trabalho dos mais pobres cai ou sobe menos do que o dos mais ricos, o que tem acontecido nos últimos anos.
“O rendimento do trabalho corresponde a aproximadamente três quartos do rendimento total das famílias. O mercado de trabalho em crise, onde as pessoas estão deixando seus empregos e indo trabalhar em outras ocupações, com salários mais baixos, provoca um impacto no rendimento total”, explicou a gerente da PNAD Contínua, Maria Lucia Vieira.
A pesquisa também mostra que os 10% mais pobres ficam com apenas 0,8% de toda a massa de salários do país, enquanto os 10% mais ricos concentram 43,1%.
Com isso, o Índice de Gini, que mede a concentração de renda, subiu de 0,537 para 0,545, levando em consideração todas as rendas das famílias (trabalho, aposentadoria, pensões, aluguéis, Bolsa Família e outros benefícios sociais). Esse é o maior Gini desde 2012, ano em que foi publicada a primeira pesquisa. Nessa base de dados, quanto mais próximo de 1, pior.
Já a massa do rendimento médio mensal real domiciliar per capita, que era de R$ 264 bilhões em 2017, cresceu para R$ 277,7 bilhões em 2018.
Os dados do IBGE mostraram ainda que mais da metade dos brasileiros têm renda inferior a um salário-mínimo.
Edição: João Paulo Soares