O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde abril de 2018 na sede da Polícia Federal em Curitiba, afirmou em entrevista concedida ao portal UOL nessa quarta-feira (16), não estar interessado em discutir sobre prisão em segunda instância, mas sim sobre a anulação de seu processo.
“Não estou reivindicando essa discussão de segunda instância. Não estou interessado nisso. Eu estou interessado na minha inocência. O que quero é que os ministros da Suprema Corte tenham acesso à verdade do processo, aos inquéritos mentirosos da Polícia Federal, do Ministério Público liderado pelo [procurador Deltan] Dallagnol, pelo mentiroso do [ex-juiz Sergio] Moro, na sentença, e anulem esses processos”, afirmou o ex-mandatário.
Condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá (SP) em uma sentença emitida pelo então juiz federal Sergio Moro, hoje ministro da Justiça, Lula pode ser beneficiado caso o Supremo Tribunal Federal (STF) mude seu entendimento sobre a prisão em segunda instância.
O julgamento que apreciará a questão ocorre nesta quinta-feira (17). Para Lula, no entanto, mais importante do que saber como o STF decidirá sobre a questão, é saber quando irão provar que ele cometeu os crimes pelos quais foi condenado.
“Se vai ser na segunda, primeira, terceira, quarta, quinta instância, não é problema meu. O que eu quero é a minha inocência. Se eu tenho um apartamento, alguém tem que ter uma escritura, alguém tem que ter um recibo. O que não pode é inventar uma mentira para poder me condenar”.
O julgamento sobre prisões em segunda instância inicialmente ocorreria em abril, mas acabou sendo remarcado. Lula disse que a mudança ocorreu para evitar a pressão da opinião pública sobre um caso que poderia beneficiá-lo.
“Um ministro da Suprema Corte e um juiz de primeira instância não devem se mover pela pressão da opinião pública. Eles devem se mover pelos autos, perceber o que está no processo, se tem prova ou não tem prova, se precisa condenar ou não condenar.”
Lula voltou a dizer que é um preso político e criticou a atuação da Operação Lava Jato em sua condenação. “O que me incomoda é o princípio da minha condenação. Um processo de mentira que envolveu uma matéria de jornal, depois envolveu o inquérito policial, depois envolveu a acusação, depois envolveu Moro, depois envolveu o TRF-4 [Tribunal Regional Federal da 4ª Região]. Acha que vou compactuar com isso? Não vou compactuar. Já falei com meu advogado: não tem meio-termo comigo”.
Edição: Camila Maciel