"Chico Mendes, cujo assassinato completou 30 anos em 22 de dezembro de 2018, dedicou a vida aos direitos dos povos da floresta e deixou como legado a criação das reservas extrativistas e o acesso à educação nos rincões da Amazônia". Assim começa a reportagem Chico Mendes, a voz que não cala, produzida pelo Brasil de Fato, que recebeu Menção Honrosa na categoria Produção Jornalística em Áudio do 41º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. A entrega da premiação ocorreu nesta quinta-feira (24), em São Paulo (SP).
A reportagem premiada narrou em quatro audiodocumentários a vida de trabalhadores de reservas extrativistas 30 anos depois do assassinato de Chico Mendes. A série de matérias também focou no legado do líder seringueiro para os povos da floresta.
A repórter Sarah Fernandes e o fotógrafo Danilo Ramos foram até Xapuri, no Acre, e conviveram com seringueiros por uma semana. Lá, os dois acompanharam o dia a dia de trabalhadores na Reserva Extrativista Chico Mendes e conversaram com pessoas que lutaram ao lado do seringueiro.
"Queria agradecer muito. Dizer que para mim é uma grande alegria receber essa menção honrosa contando a história de Chico Mendes, uma liderança tão importante pro país e que representa tanto o que nós buscamos nesse momento. Gostaria também de dedicar esse prêmio pra todos os trabalhadores da floresta, pra todas as pessoas que estão na Amazônia, que é habitada, repleta de pessoas e de diversidade -- e que muitas vezes não são lembradas por nós", declarou a repórter ao receber o prêmio.
Premiação
O Vladimir Herzog é uma das premiações mais importantes do jornalismo brasileiro. A cerimônia de entrega ocorreu no teatro Tucarena (Rua Monte Alegre, 1024, Perdizes – São Paulo).
“O Estado Democrático de Direito deve preservar não só a liberdade, mas também quem luta por ela”, afirmou Felipe Santa Cruz, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), falou em nome da organização do evento.
O prêmio existe desde 1979 e é concedido a trabalhos que valorizam a democracia e os direitos humanos. Este ano, a premiação bateu o recorde histórico de inscrições, com 692 produções em seis categorias
Santa Cruz lembrou que o prêmio foi criado para preservar a liberdade, em nome de um jornalista que perdeu a vida lutando por garanti-la, Vladimir Herzog. “A sociedade brasileira é Vladimir Herzog, não são os facínoras que o mataram”.
Ele também prestou homenagem aos jornalistas e meios de comunicação premiados, com matérias de defesa de minorias e setores populares.
“Em períodos repressivos, a profissão dos comunicadores sempre se torna alvo”, lembra Santa Cruz, que completa: “Não podemos naturalizar qualquer tipo de ataque”.
O presidente da OAB também colocou a entidade à disposição dos jornalistas que sofrem ameaças, ao considerar que "o verdadeiro jornalismo é imprescindível”. “A ciência e a informação vencerão o obscurantismo”, finalizou.
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Edição: Vivian Fernandes