Mônica Benício criticou o vazamento do inquérito que investiga o assassinato de Marielle Franco na imprensa. A viúva da vereadora lamentou que a família não consiga acessar a investigação e que siga alijada dos fatos que cercam o episódio.
“A recente enxurrada de informações sobre a execução de Marielle e Anderson tem algo em comum: o profundo desrespeito com a família. Enquanto nega o nosso acesso ao inquérito, conforme prevê a legislação, o Sistema de Justiça entrega fotos do relatório à imprensa. O que pensar disso? Como é natural que ocorra, a cada publicação somos instadas a comentar o andamento do caso. Mas como fazê-lo sem ser injusta se a Justiça nos nega a possibilidade de saber o que de fato aconteceu?”
Ainda de acordo com Benício, o “judiciário precisa atuar com mais responsabilidade nesse caso”. “Trata-se do crime político mais grave do Brasil no século, que depois de 1 ano e 7 meses continua sem resposta. O país continua passando vergonha. A família tem o direito constitucional de ter acesso ao inquérito, eu gostaria que ao menos isso, em meio a tanta dor, fosse respeitado.”
Benício afirma que já solicitou acesso ao inquérito na Polícia Civil do Rio de Janeiro e no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Os pedidos foram negados.
Brazão seria o mandante
Para a Procuradoria Geral da República (PGR), Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), é o mandante do assassinato de Marielle Franco. A acusação está na denúncia que o órgão entregou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) em setembro deste ano.
“(Brazão) Arquitetou o homicídio da vereadora Marielle Franco e visando manter-se impune, esquematizou a difusão de notícia falsa sobre os responsáveis pelo homicídio”, afirmou Raquel Dodge, então titular da PGR, na denúncia, divulgada pelo UOL na última sexta-feira (25).
A PGR acusa Brazão de tentar confundir as investigações sobre o caso. “Fazia parte da estratégia que alguém prestasse falso testemunho sobre a autoria do crime e a notícia falsa chegasse à Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, desviando o curso da investigação em andamento e afastando a linha investigativa que pudesse identificá-lo como mentor intelectual dos crimes de homicídio”, conclui Dodge.
Bolsonaro e a família Brazão
Denúncia feita pelo Brasil de Fato mostra que no dia 9 de julho deste ano, o governo de Jair Bolsonaro concedeu o passaporte diplomático para João Vitor Moraes Brazão e Dalila Maria de Moraes Brazão, filho e esposa do deputado federal Chiquinho Brazão (Avante-RJ). O parlamentar, que também possui o documento, é irmão de Domingos Inácio Brazão,
Os integrantes da família Brazão estão em uma lista com os 1694 passaportes diplomáticos emitidos pelo governo Jair Bolsonaro (PSL) até 15 de agosto, a qual o Brasil de Fato teve acesso por meio da Lei de Acesso à Informação.
Edição: Rodrigo Chagas