Em 29 de outubro é celebrado o Dia Nacional do Livro. A data foi instituída pela Lei 5.191, de dezembro de 1966, em homenagem à fundação da Biblioteca Nacional, criada em 1810.
No país, a última edição da pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, realizada em 2016, pelo Instituto Pró-Livro, apontou que 44% dos brasileiros não cultivam o hábito de leitura. Ou seja, essa parcela da população alegou não ter lido sequer o trecho de um livro ao longo de três meses.
A mestra em psicologia da educação Sílvia Maria Pereira de Carvalho, coordenadora executiva do Instituto Avisa Lá, que promove a formação continuada de educadores, avalia, a partir do ponto de vista da escola, que há uma "escolarização" negativa da leitura. Ela considera que essa é uma das barreiras para a formação de leitores no país.
“Ficou a ideia de que você lê porque é obrigatório, para passar no vestibular. Não foi criado nas escolas um genuíno interesse sobre o que a leitura traz de positivo para o ser humano, de maneira geral. Muitas vezes, ler sobre outras experiências, ficcionais, por exemplo, pode ajudar uma pessoa a lidar com os problemas da vida”, disse em entrevista ao Programa Brasil de Fato.
No ambiente escolar, Sílvia Carvalho também destaca a burocracia e falta de estrutura das escolas que dificultam o acesso dos alunos aos materiais de leitura.
“É muito comum você encontrar salas de leituras forradas de livros que são pouco usados por questões burocráticas, por falta de bibliotecário. A criança pode usar o espaço muitas vezes por 45 minutos e raramente pode levar o livro pra casa”, pontua.
Em relação aos espaços públicos de leitura, Carvalho defende que é necessário as bibliotecas se modernizarem, para que as pessoas tenham interesse em frequentá-las.
A pesquisa do Instituto Pró-Livro mostra que o índice de leitores cai conforme o avanço da idade. Entre adolescentes de 11 e 13 anos, por exemplo, 84% dos entrevistados disseram que têm o hábito de ler. Por outro lado, entre pessoas de 40 e 49 anos esses índice cai para 48%. Outro indicador do levantamento mostra que 30% dos participantes nunca comprou um livro.
Para Sílvia Carvalho, o livro ainda não alcançou o mesmo valor que outros objetos de consumo adquiriram entre os brasileiros. Nesse sentido, ela destaca que o preço não é o principal empecilho para a aquisição de uma obra.
“O livro não é barato, como muita coisa não é barata. Mas se a pessoa quer uma calça jeans, quer muito, ela paga, porque para ela é um valor. Livro ainda não é um valor para a maioria da população brasileira. Se fosse, seria comprado, como se compra celular, por exemplo. Muitos brasileiros não descobriram ainda o que uma leitura pode acrescentar na vida da pessoa”, afirma.
As mulheres, conforme aponta o estudo, leem mais do que os homens, sendo que 59% das entrevistadas se declararam como leitores. Entre eles o índice cai para 52%.
Escute a íntegra da entrevista aqui.
Edição: Guilherme Henrique