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Manifestantes ocupam avenida Paulista e perguntam: "Quem mandou matar Marielle?"

Em ato nesta quinta (31), cerca de 2 mil pessoas exigiram justiça pelas mortes de Marielle Franco e Anderson Gomes

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
O protesto foi convocado após o nome de Jair Bolsonaro (PSL) ser citado na investigação que apura o assassinato da vereadora carioca
O protesto foi convocado após o nome de Jair Bolsonaro (PSL) ser citado na investigação que apura o assassinato da vereadora carioca - Foto: Pedro Stropasolas

"Marielle perguntou, eu também vou perguntar: quantos mais têm que morrer para essa guerra acabar?”. Este foi um dos cantos que cerca de duas mil pessoas entoaram na avenida Paulista, em São Paulo (SP), no início da noite desta quinta-feira (31). A manifestação pediu justiça pelo assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista Anderson Gomes, e foi convocada após o nome do presidente Jair Bolsonaro (PSL) ser citado na investigação que apura o crime.

A denúncia do possível envolvimento do presidente no caso foi publicada no Jornal Nacional, da TV Globo, nesta terça-feira (29). Momentos depois, Bolsonaro foi às redes sociais e atacou a emissora. "A resposta do Bolsonaro à notícia que foi veiculada mostra que ele não tem nenhum interesse na resolução do caso da Marielle, como ele está em guerra contra ativistas, defensores de direitos humanos e trabalhadores", afirma a psicóloga Luana Alves, uma das organizadoras do ato.

Alves é militante do PSOL e da rede Emancipa. Ela argumenta que o presidente tem um projeto radical de sociedade autoritária. Segundo Alves, um dos objetivos da manifestação desta quinta foi responder ao mandatário exigindo um projeto radicalmente democrático.

Simone Nascimento, do Movimento Negro Unificado (MNU), lembra que Marielle foi brutalmente assassinada em um crime político e disse que o Estado brasileiro deve respostas às famílias da vereadora e de Anderson Gomes.

"Os atos mostram que esse crime bárbaro não caiu no esquecimento, no silêncio, como infelizmente a maioria dos crimes bárbaros contra a população negra caem. A Marielle criticava isso. A gente precisa lutar e mostrar para o Estado brasileiro e para a Justiça --- que é muito injusta com o povo preto e pobre --- que nós existimos, exigimos resposta, e isso é o mínimo", assinala Nascimento. 

 

Simone Nascimento ressalta que assassinatos por motivação política não podem ser admitidos em democracias (Foto: Pedro Stropasolas)

A educadora da rede pública de São Paulo Valéria Mota, integrante do coletivo A Periferia é o Centro, destaca que o movimento negro nunca saiu das ruas, mas que o momento exige que a articulação se amplie. "Marielle vai derrubar Bolsonaro e a família dele do poder, a gente acredita muito nisso, mesmo com a morte dela. A morte da Marielle vai derrubar essa família de canalhas e corruptos", frisa.

 

O ato, que foi guiado por falas de lideranças negras, iniciou às 18h em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp) e marchou até o escritório da Presidência da República, escoltado por um numeroso cordão policial (Foto: Pedro Stropasolas)

Edição: Rodrigo Chagas