Carmen Eliza Bastos de Carvalho, uma das promotoras do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) que investigam o assassinato de Marielle Franco, é bolsonarista e postou, em seu perfil no Instagram, fotos com o deputado estadual Rodrigo Amorim (PSL), que ganhou fama na direita quando rasgou uma placa com o nome da vereadora do PSOL.
Na última quarta-feira (30), a promotora participou da coletiva de imprensa do MPRJ, em que foi desmentida a versão de que o porteiro do Condomínio Vivenda da Barra teria interfonado para a casa de Jair Bolsonaro, que reside no empreendimento, a pedido de Élcio Queiroz, um dos suspeitos de assassinar Marielle, no dia do crime.
No dia 1º de janeiro deste ano, Carmen publicou uma imagem da transmissão da posse de Jair Bolsonaro como presidente da República e afirmou que “há anos” não se sentia “tão emocionada”. Meses antes, quando o ex-militar foi eleito, ela celebrou afirmando que acabou o “cativeiro esquerdopata.”
“Patriotismo. Assim que se constrói uma nação. União em prol do Brasil! Família, moral, honestidade, vitória do bem!”, celebrou a promotora em seu perfil no Instagram. A foto com Rodrigo Amorim foi tirada no dia em que Carmen recebeu a Medalha Tiradentes, honraria do Legislativo fluminense.
“Sempre tive certeza de que a minha árdua tarefa de vida seria o combate aos criminosos, que acabam com a paz no Rio de Janeiro”, afirmou a promotora, na legenda da foto com o Amorim, que havia rasgado a placa de Marielle.
Afastamento é possível
Tânia Oliveira, da Coordenação Nacional da Associação Brasileira de Juristas para a Democracia (ABJD), criticou a promotora e defendeu seu afastamento. “Como ela pode ser uma investigadora do assassinato da vereadora? Justamente contra quem ela apresentou, mesmo que indiretamente, ódio. Ela deveria ser afastada das investigações”, aponta.
De acordo com a jurista, “isso demonstra que ela está de um lado da história e isso a coloca como suspeita para investigar o homicídio da vereadora, não tem como dissociar as situações. É um parlamentar que se elegeu com uma campanha de ódio contra Marielle Franco”, explica Oliveira.
O Brasil de Fato entrou em contato com o Ministério Público do Rio de Janeiro. Porém, até o fechamento desta matéria, o órgão não havia respondido.
Edição: Rodrigo Chagas