Caso marielle

Bolsonaro diz que pegou áudio das ligações da portaria “antes que fosse adulterado”

Material poderia provar envolvimento do presidente na morte da vereadora Marielle Franco (PSOL)

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Jair Bolsonaro é presidente da República desde 1º de janeiro de 2019
Jair Bolsonaro é presidente da República desde 1º de janeiro de 2019 - Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) admitiu à imprensa neste sábado (2) que pegou o áudio das ligações da portaria de seu condomínio, no Rio de Janeiro (RJ), para que impedir que o material fosse "adulterado". As gravações, segundo reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, veiculada na última terça-feira (29), poderiam provar o envolvimento do capitão reformado com o assassinato de Marielle Franco, então vereadora pelo PSOL, em março de 2018.

"Nós pegamos, antes que fosse adulterada, ou tentasse adulterar, pegamos toda a memória da secretária eletrônica que é guardada há mais de ano. A voz não é a minha", declarou Bolsonaro.

Segundo a TV Globo, um porteiro do condomínio de Bolsonaro contou à polícia que, horas antes de participar do assassinato de Marielle, o ex-policial militar Élcio de Queiroz esteve no local e disse que iria à casa 58, que pertence ao presidente. O "seu Jair" teria atendido à ligação e autorizado a entrada. Naquele dia, o então deputado Jair Bolsonaro estava em Brasília (DF).

Reações

A declaração de Bolsonaro neste sábado causou espanto e indignação em políticos da oposição.

Ivan Valente, deputado federal pelo PSOL, questionou por meio das redes sociais: "Como o principal suspeito teve acesso às provas? Essa história está muito estranha. Golpista é capaz de tudo. Por que o porteiro se meteria com milicianos?".

Marcelo Freixo, também companheiro de partido de Marielle Franco, afirmou: "A declaração de Bolsonaro sobre ter obtido os áudios é uma estratégia para federalizar as investigações, que passariam a ficar sob o controle do presidente, através de Moro e Augusto Aras. A apuração do crime tem que permanecer com o Ministério Público e a Polícia Civil do Rio".

O advogado Paulo Teixeira, que é deputado federal pelo PT, fez um alerta: "Bolsonaro pode ter destruído provas, ao pegar as gravações do condomínio".

Na quarta-feira (30), o Ministério Público negou a versão do porteiro e disse que foi o PM aposentado Ronnie Lessa, outro suspeito do assassinato da vereadora, quem liberou a entrada de Queiroz no Condomínio Vivendas da Barra em março de 2018. Ambos estão presos há sete meses.

No dia seguinte, veio à tona a informação de que Carmen Eliza, uma das promotoras que investigava a morte de Marielle Franco, é admiradora de Bolsonaro e fez várias postagens nas redes sociais contra a esquerda e em defesa do capitão reformado. Na última sexta-feira (1º), ela pediu afastamento do caso.

Edição: Daniel Giovanaz