Com o lema “Por justiça para Marielle, por democracia e por direitos, Basta de Bolsonaro!”, movimentos populares, partidos de oposição e frentes de esquerda realizam nesta terça (5) atos em diversas cidades do país. Nas redes sociais, os chamados circulam com hashtag #5NcontraAI5
“Que os ventos da América Latina cheguem ao Brasil. Todos nas ruas contra as declarações absurdas dos filhotes da ditadura. Ditadura nunca mais! Quem mandou matar Marielle?”, convocou o integrante da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stedile, em seu Twitter.
O militante sem-terra faz referência à entrevista dada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) em entrevista à jornalista Leda Nagle no dia 31 de outubro. O líder do PSL na Câmara e filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que o governo pode criar um "novo AI-5” em reação a eventuais protestos.
O Ato Institucional número 5, citado por Eduardo Bolsonaro, foi editado em 1968 e resultou em perseguições políticas, censura, fechamento do Congresso, endurecimento da repressão e institucionalizou torturas e assassinatos.
A ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) também se manifestou: “Ninguém pode se surpreender porque já houve seguidas manifestações contra a democracia por parte da família Bolsonaro. Defenderam a ditadura militar e, portanto, o AI-5; reverenciaram regimes totalitários e ditadores; homenagearam o torturador e a tortura; confraternizaram com milicianos”.
Em nota, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) disse considerar a declaração uma afronta à Constituição: “É gravíssima a manifestação do deputado, que é líder do partido do presidente da República. É uma afronta à Constituição, ao Estado democrático de direito e um flerte inaceitável com exemplos fascistas e com um passado de arbítrio, censura à imprensa, tortura e falta de liberdade.”
Após a declaração do parlamentar, partidos da oposição vão apresentar o pedido de cassação do mandato de Eduardo Bolsonaro na Câmara pelas declarações. Também acionaram o STF com uma notícia-crime.
Em defesa dos serviços públicos
Entre os organizadores estão as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, entidades sindicais e movimentos estudantis.
Os manifestantes também questionam os recentes “ataques aos servidores públicos, a tentativa de extinguir o Sistema Único de Saúde (SUS) -- essencial para a classe trabalhadora e os mais pobres”.
Também criticam as tentativas de privatização das escolas e universidades públicas e a perseguição aos professores. Além das tentativas de reduzir os direitos dos servidores públicos.
Outro ponto levantado pelos organizadores do ato está os recentes indícios de participação do presidente no assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) e do motorista, Anderson Gomes, no 14 de março de 2018.
“Nunca imaginei que eu, com 18 anos, no século 21, pudesse temer a volta de um estado autoritário no Brasil”, disse Pedro Gorki, presidente da Ubes, em Brasília.
Edição: Katarine Flor