Eu sou Mateus Tremembé, jovem agricultor, pescador artesanal, agente ambiental indígena, estudante de agronomia pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), experimentador nos processos alimentares da terra indígena Tremembé da Barra do Mundaú, além de buscar sabores e saberes das memorias da cultura alimentar do meu povo.
O projeto-pesquisa “Murici e Batiputá: o que alimenta e o que cura, saberes e sabores do povo Indígena Tremembé da Barra do Mundaú” vem sendo desenvolvido através do Laboratório de Criação em Cultura alimentar e Gastronomia da Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco e com a parceria do Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria do Trabalhador (Cetra). A pesquisa tem como objetivo fortalecer e valorizar a identidade da cultura alimentar do povo Tremembé, por meios da relação com os processos alimentares indígenas, proporcionando novos aromas, sabores, saberes, cores e texturas do território ancestral Tremembé.
Visa-se com o aprofundamento dos diálogos com os nossos “troncos velhos” conhecer e identificar os saberes e práticas que a população indígena desenvolve na produção de seus alimentos, a festa de sabores, juntamente com os ritmos, tradições, território e identidade, do conhecimento da sociobiodiversidade local, dos modos de viver, fazer, pensar e responder à natureza que os circula.
A cultura e identidade do povo indígena Tremembé da Barra do Mundaú, no município de Itapipoca (CE), tem forte conexão com a ancestralidade presente em suas matas nativas, nas dunas, no rio e no mar. Neste sentido é relevante o potencial dos saberes e sabores alimentares de frutas nativas, da pesca artesanal e de espécies vegetais nativas da Barra do Mundaú, com base no conhecimento dos índios e índias, que se passaram de uma geração para outra, contribuindo dessa forma com a cultura alimentar indígena cearense.
As minhas motivações com este processo estão em mapear e identificar de forma sistemática, as relações entre os processos alimentares do povo Tremembé com relação à biodiversidade local, em defesa da conservação dos modos do saber fazer culinário indígena. A gastronomia, a preparação, os cuidados com os alimentos como se relacionam com o manejo com a terra, com a caça, a pesca e a coleta até o preparo final, que é se alimentar para curar o corpo e o espirito.
Edição: Monyse Ravena