Nesta quinta-feira (7), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu a visita de três amigos e companheiros de militância. Preso há 579 dias, Lula conversou com João Paulo Rodrigues, dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Gleisi Hoffmann, deputada federal e presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), e Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula.
Um dos principais assuntos do encontro privado na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR) foi a sequência do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a prisão para execução da pena após condenação em segunda instância. O resultado pode libertar quase cinco mil pessoas encarceradas sem condenação em definitivo, entre elas o ex-presidente Lula.
Rodrigues contou que, apesar da ansiedade sobre a decisão do STF, Lula prefere não criar expectativas. O desejo do ex-presidente, segundo as lideranças, é, acima de tudo, ter sua inocência provada. "Nós encontramos, como sempre, um grande dirigente político e um grande companheiro. Muito atento a todas as questões envolvendo o país e, claro, [com] aquela pequena ansiedade sobre esse julgamento que está acontecendo hoje".
"Eu saio dessa visita acreditando que é a última que nós estamos fazendo nessas quintas-feiras. Mas, acima de tudo, mesmo com a vitória hoje, nós queremos a anulação dos processos e que [Sergio] Moro seja processado e pague pelo que ele fez --- não só ao presidente Lula, mas pela perseguição a toda a esquerda”, afirmou o dirigente do MST.
Com placar empatado no STF (5 a 5), a decisão depende agora do presidente da Corte Dias Toffoli. A presidenta nacional do PT argumentou que a luta por Lula livre é também pela liberdade do povo brasileiro. Hoffmann afirmou que a possível soltura de Lula traz força e otimismo, mas também muito mais desafios.
"A expectativa do julgamento de hoje não é em relação a ele, mas ao país, à nossa democracia e à recolocação do princípio constitucional do trânsito em julgado e da presunção de inocência. O que nós queremos é que ele saia da cadeia com seus plenos direitos", sinalizou a deputada federal, que visitou o ex-presidente na condição de advogada.
Soberania nacional, cenário político no Brasil e na América Latina e mobilização popular foram outros temas comentados durante a visita, destacou o dirigente do MST.
"O presidente manifestou muita preocupação da forma como esse governo fascista [de Jair Bolsonaro (PSL)] tem entregado nosso patrimônio às grandes transnacionais e, ao mesmo tempo, a necessidade de nós continuarmos nas ruas fazendo luta para preservar o patrimônio do povo brasileiro".
Rodrigues, Hoffmann e Okamotto estiveram na Vigília Lula Livre, onde foram recebidos com muita festa pelos militantes, que também seguem confiantes na decisão pela soltura do ex-presidente. "Nós temos esperança de que o STF julgue a questão da condenação em segunda instância. Esse é um elemento importante do direito de ser julgado decentemente no Brasil", disse Okamotto.
"É lamentável um inocente preso há quase 600 dias, um homem que nunca recebeu nenhum apartamento como propina, e nosso sistema de Justiça não responde a essa questão. Por isso, a gente continua firme na luta", completou o presidente do Instituto Lula.
Todas as quintas-feiras desde abril de 2018, Lula recebe a visita de artistas, personalidades nacionais e internacionais, chefes de Estado, amigos e companheiros de militância. O encontro privado dura cerca de uma hora.
Edição: Rodrigo Chagas