A soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na tarde desta sexta-feira (8) ganhou as manchetes internacionais.
O site do jornal britânico The Guardian informou que Lula deixou a carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, depois de uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que “alegrou apoiadores e enfureceu seguidores do presidente de extrema direita Jair Bolsonaro”.
O veículo britânico lembrou das revelações publicadas pelo site The Intercept Brasil sobre as conversas entre o então juiz Sergio Moro e os procuradores da operação Lava Jato para levar Lula à prisão.
O Guardian também destacou as pesquisas que mostravam o ex-presidente à frente da corrida eleitoral do ano passado, mas que sua prisão impediu a candidatura e abriu caminho para a vitória de Jair Bolsonaro (PSL).
Já o diário espanhol El País destacou o contexto em que Lula deixa a prisão. “A liberação de Lula tem uma repercussão política imensa num Brasil muito polarizado. O ex-presidente e, colateralmente o Partido dos Trabalhadores, é o assunto que mais divide aos seus compatriotas, ou o amam ou o odeiam.”
O estadunidense The New York Times afirmou que, apesar de não poder concorrer a eleições neste momento, “a simples soltura de Lula pode subverter a política brasileira ao colocá-lo como um rival de esquerda enérgico contra o presidente Jair Bolsonaro, cujas políticas de extrema direita levaram à profunda polarização do país”.
América
Na América Latina, as páginas iniciais dos maiores veículos de comunicação de vários países também deram destaque para a liberdade de Lula.
O portal colombiano El Tiempo intitulou “Lula Livre já é uma realidade” e destacou a presença de centenas de pessoas à espera do líder petistas em frente à sede da superintendência da Polícia Federal de Curitiba.
Já o maior jornal cubano, Granma, reservou a manchete principal para anunciar a liberdade de Lula. Divulgando que depois de agradecer aos militantes da Vigília Lula Livre, o ex-chefe de Estado anunciou uma caravana por todo o país.
“Não prenderam um homem, prenderam uma ideia”, as palavras do primeiro discurso de Lula ao sair da prisão dividiram as manchetes sobre a crise política na Bolívia, no site do jornal Cambio.
Líderes políticos
Além dos meios de comunicação, ex-presidentes e candidatos em processos eleitorais em curso celebraram a liberdade de Lula.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro protagonizou uma transmissão em cadeia nacional divulgando imagens ao vivo de Curitiba e relembrando sua relação com o ex-presidente.
Durante o último mandato de Lula, Maduro era Ministro de Relações Exteriores de Hugo Chávez e foi protagonista da assinatura de uma série de acordos entre as duas nações.
O mandatário venezuelano destacou a importância dos governos de Lula, Hugo Chávez e Nestor Kirchner para a integração da América Latina, com a criação da União de Nações Sul-Americanas (Unasur), o rechaço à Aliança de Livre Comércio para as Américas (Alca) e o fortalecimento do Mercosul.
“A verdade triunfou no Brasil! Em nome do povo venezuelano, expresso minha mais profunda alegria pela libertação do meu irmão e amigo, Lula, que novamente estará nas ruas para liderar as causas justos dos brasileiros e brasileiras. Viva Lula livre”, escreveu na sua conta na rede social Twitter.
¡La Verdad Triunfó en Brasil! En nombre del pueblo de Venezuela, expreso mi más profunda alegría por la liberación de mi hermano y amigo @LulaOficial, quien nuevamente estará en las calles para liderar las causas justas de los brasileños y brasileñas. ¡Viva #LulaLibre! pic.twitter.com/q5GTbbwWIb
— Nicolás Maduro (@NicolasMaduro) November 8, 2019
O recém-eleito, presidente da Argentina, Alberto Fernández, que visitou Lula em Curitiba durante sua campanha, publicou: “É comovente a fortaleza de Lula para enfrentar esta perseguição. Sua firmeza demonstra não só o seu compromisso, mas a imensidão que é esse homem”.
Sua companheira de governo, Cristina Fernández de Kirchner pontuou “termina hoje uma das maiores aberrações de Lawfare da América Latina: a privação ilegítima da liberdade do ex-presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva”.
Assim como Lula, Cristina Fernández é processada em um caso questionado internacionalmente pela falta de evidências.
Rafael Correa, ex-presidente equatoriano e outra figura que denuncia sofrer perseguição política e jurídica no seu país, publicou um vídeo com a seguinte mensagem “Um abraço, querido Lula. És exemplo e inspiração para todos nós. Os dias dos traidores estão contados. Até a vitória sempre!”.
O ex-presidente de Honduras, deposto depois de um golpe parlamentar, Manuel Zelaya festejou dizendo que “a voz do povo é como a voz de Deus: tarda, mas não esquece”.
O uruguaio José Pepe Mujica enviou um vídeo à TeleSur, afirmando: "Nunca tive dúvida da integridade do Lula. O povo brasileiro recupera alguém que necessitam para tratar de acabar com a intolerância que foi criada nesses últimos anos".
#Exclusivo | A @teleSURtv el expresidente de Uruguay, José 'Pepe' Mujica envía un mensaje a @LulaOficial y al pueblo brasileño: "Recupera el camino de las calles un luchador social y político por un sueño de un poco de igualdad, equidad". #LulaLivreAgora
— André Vieira (@AndreteleSUR) November 8, 2019
Vía @mateoteleSUR pic.twitter.com/mmUaAIgJMS
Também se expressaram: o ex-presidente do Paraguai, Fernando Lugo; o candidato presidencial uruguaio pela Frente Ampla, Daniel Martinez; e o pré-candidato democrata estadunidense, Bernie Sanders, que destacou o legado de Lula no combate à pobreza no Brasil.
Edição: Rodrigo Chagas