Inspirados no lançamento do dossiê 21 do Instituto Tricontinental, que propõe um debate sobre a “catástrofe ambiental na Índia rural”, Miriam Nobre, da Marcha Mundial das Mulheres (MMM), e Gilmar Mauro, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) debateram as tragédias que atingiram o país, com episódios recentes, como o fogo desenfreado na Amazônia, a lama em Brumadinho e o óleo no litoral nordestino. O evento de lançamento ocorreu em parceria com a editora Expressão Popular e o Projeto Brasil Popular.
Fazendo uma crítica ao capitalismo verde, estimulado pelo agronegócio, Nobre apontou a responsabilidade do presidente Jair Bolsonaro na catástrofe ambiental que o país vive.
“O Bolsonaro desmontou a estrutura de fiscalização pública. Quando ele coloca o Salles, vai acionando a ideia de que a militarização da questão ambiental. Quando há o crime de Brumadinho, ele chama quem? O Exército israelense”, explicou Nobre.
Sobre o vazamento de óleo no litoral nordestino, Nobre lamentou a demora no diagnóstico sobre a tragédia. “Houve um mês de total inoperância do governos o que faz com que chamemos a atenção para o racismo ambiental. As primeiras pessoas atingidas, como pescadores, que são as primeiras impactadas, não foram escutadas.”
Gilmar Mauro está pessimista. Para o líder do MST, a busca de lucro fará com que a catástrofe se aprofunde e “vão haver novos acidentes ambientais”.
“Não há alternativa, o grande capital não vai resolver esse problema. Se o engenheiro da Vale disser que precisa recuperar um prejuízo ambiental que a empresa causou, o investidor da empresa retira dinheiro dela e leva embora”, explicou o dirigente, que anunciou a criação do Fórum Popular da Natureza, que deve ocorrer em março de 2020.
“A esquerda não se deu conta da gravidade e do tamanho do problema que estamos vivendo. Então vamos criar um ambiente para propiciar esse debate e avançar nessa agenda”, explicou Mauro.
Nobre também manifestou preocupação com a busca por lucro. “Como a mineração entrou um processo de aceleração de produção e não há preocupação com os resíduos e a consequência para as pessoas”, encerrou.
Edição: Rodrigo Chagas