Patricia Hill Collins, a renomada socióloga estadunidense, considera que mais do que pensar em termos de identidade, é importante a reflexão a partir da forma e do contexto em que as pessoas vivem. Por isso, ela enfatiza que “o feminismo negro vem da resolução de problemas da vida cotidiana. Não vem de ideologia”.
"O problema é que outras formas de feminismo, como o feminismo branco, foi identificado como universal", por isso , a importância de diferenciar a luta de mulheres negras e mulheres brancas por seus direitos.
Segundo Collins, há dificuldades impostas no dia a dia de mulheres negras que fazem delas, desde sempre, conscientes de seu empoderamento. Mas as pressões sociais tendem a colocar as questões em caixas predeterminadas, embutiram no feminismo das mulheres brancas um caráter universal.
“Às vezes, mulheres negras não querem ser identificadas como feministas negras" porque a ideologia que vem do feminismo branco o apresenta como inapropriado ou não generalizável. Assim, "elas sofrem discriminações e desigualdades particulares”, diz.
Collins concedeu entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, durante o seminário “Democracia em Colapso”, organizado pela editora Boitempo. Escritora de diversas obras, entre elas Pensamento Feminista Negro: Conhecimento, Consciência e Políticas de Empoderamento, Collins se notabilizou também por se tornar a primeira mulher negra a presidir a Associação Americana de Sociologia.
Na entrevista, Collins também fala sobre o empoderamento de mulheres negras; sobre interseccionalidade de gênero e raça no tema da violência; sobre o movimento negro nos Estados Unidos e sua relação com a figura do ex-presidente Barack Obama; e sobre os desafios da próxima eleição estadunidense.
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Edição: Julia Chequer