O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) se reuniu com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para dialogar sobre o cenário do país e alinhar estratégias de enfrentamento ao governo de Jair Bolsonaro (PSL).
Foi um dos primeiros encontros entre movimentos populares e o ex-presidente -- que está livre desde 8 de novembro deste ano após 580 dias preso em Curitiba (PR).
Um dos pontos levantados na conversa foi a prioridade da luta para resgatar a soberania nacional, como relata Luís Dalla Costa ao Brasil de Fato. Segundo o membro da coordenação nacional do MAB, o movimento compartilhou as preocupações com os rumos do país nas mãos de Bolsonaro.
O MAB pediu o apoio de Lula para denunciar as violações de direitos humanos nas tragédias socioambientais de Mariana e Brumadinho -- ambas no estado de Minas Gerais -- após o rompimento de barragens da mineradora Vale. A segurança dos atingidos é uma das principais preocupações, segundo Costa, já que outras barragens estão em “severo risco de rompimento”.
Prisão política
Dalla Costa também ressalta o caráter político da prisão do petista, que considera um “exemplo de persistência e serenidade ao suportar uma prisão absolutamente injusta”.
“Nós manifestamos nosso apoio na luta do presidente Lula em provar sua inocência. Lula tem direito a um julgamento justo se tiver alguma acusação contra ele, e não um julgamento político e viciado. Ele mesmo diz que foi um julgamento mentiroso feito pelo atual ministro e ex-juiz Sergio Moro. Foi uma prisão arbitrária e injusta, somente com fim de perseguição política”, denuncia.
Costa afirma que, na visão do movimento, o conluio político-jurídico se deu “contra aquele que foi o melhor presidente da história do Brasil para o povo trabalhador e mais pobre”. “Aquele presidente que sempre se preocupou com as pessoas que passavam fome e que não tinham emprego, acesso ao estudo e à energia elétrica”, explica.
O encontro aconteceu na última quarta-feira (20) na sede do Instituto Lula, em São Paulo (SP), e contou com a participação de Paulo Okamotto, presidente do Instituto.
Luta e compromissos
Na reunião, o MAB também enfatizou a luta e resistência dos povos latino-americanos contra o avanço da extrema direita no continente.
O ex-presidente, por sua vez, agradeceu a solidariedade do MAB e de todos os movimentos nacionais e internacionais que se mobilizaram em torno da causa “Lula Livre”.
"A direita está voltando com força tentando destruir tudo o que nós fizemos. Teremos que levantar a cabeça e lutar. Não é possível que um país deste tamanho [Brasil] tenha o desprazer de ter no governo um miliciano. É possível a gente lutar, resistir e vencer os opressores", disse o ex-presidente em vídeo gravado após o encontro.
“Nós conversamos com Lula, colocamos essas preocupações junto a ele e estabelecemos, inclusive, pontos em que a gente pode se ajudar na construção de um país soberano, livre, que priorize as famílias que mais necessitam e se contraponha às políticas nefastas que o atual governo tem feito -- de retirar direitos, como a aposentadoria dos mais pobres, e o desemprego que está muito grande”, argumenta Costa.
A luta pela democracia e soberania brasileiras foi um dos compromissos firmados durante a reunião.
“A segunda questão que também denunciamos são as barbaridades que estão fazendo desde o governo [de Michel] Temer [MDB] e agora no governo Bolsonaro, como a de aumentar ainda mais o preço da energia elétrica para o povo trabalhador. Agora, querem aumentar 42% do preço da energia para os agricultores. É um absurdo”, frisa o coordenador nacional do MAB.
Edição: Rodrigo Chagas