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Protesto em SP marca o Dia Internacional de Combate à Violência Contra as Mulheres

Manifestantes criticaram governo por corte em verbas em políticas públicas e questionaram escalada conservadora

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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"O retrocesso tem nome e sobrenome. Chama-se Jair Bolsonaro", diz Sarah de Roure, militante da Marcha Mundial das Mulheres
"O retrocesso tem nome e sobrenome. Chama-se Jair Bolsonaro", diz Sarah de Roure, militante da Marcha Mundial das Mulheres - Nara Lacerda/Brasil de Fato

Dezenas de organizações feministas reuniram militantes em São Paulo nesta segunda-feira (25) para um protesto contra o desmonte dos mecanismos de prevenção à violência direcionada às mulheres.

Com a frase de ordem “Basta de violência contra a mulher, basta de Bolsonaro!”, as manifestantes criticaram a retirada de direitos, o sucateamento de serviços como creches e hospitais e apontaram o aumento dos índices de violência como consequência direta da escalada do discurso conservador.

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A historiadora Sarah de Roure, militante da Marcha Mundial das Mulheres, afirma que o Brasil retrocedeu nas políticas de enfrentamento à violência e que a discussão atualmente voltou a patamares básicos. 

“Esse retrocesso tem nome e sobrenome. Esse retrocesso se chama Jair Bolsonaro e o projeto político que ele representa. É o silêncio e a conivência de setores da política e da sociedade brasileira que permitiram a eleição dele, mas também daqueles que articularam para a eleição dele”, assinala.

Durante o protesto, as manifestantes ressaltaram ainda as consequências de políticas como a Reforma da Previdência e a Reforma Trabalhista no cotidiano da população feminina.

Esse retrocesso se chama Jair Bolsonaro e o projeto político que ele representa

Sarah explica que sucateamento da economia, proposto pelo governo como uma reestruturação vem acompanhado de um discurso machista e de reforço da família tradicional que aumenta o controle sobre as mulheres.

“Eles precisam de uma ideia de uma mulher bela, recatada e do lar para justificar os cortes nas leis trabalhistas e porque as mulheres não terão mais acesso as mesmas condições de entrada no mercado de trabalho. Eles precisam de uma ideia de que a família está sendo ameaçada e de que as mulheres precisam cuidar da família para dizer porque não vamos nos aposentar mais cedo com a reforma da previdência. Tem uma coisa forte nesse momento, de como o retrocesso e o controle das mulheres está no coração do projeto político que está em curso hoje.”

Números

O Brasil registra hoje mais de 220 mil casos de violência contra a mulher por ano e mais de 88% dos agressores são os próprios companheiros ou ex-companheiros.

A cada dia três mulheres são vítimas de feminicídio e a cada 09 minutos há uma nova vítima de estupro entre as brasileiras. O 25 de novembro foi escolhido como Dia Internacional de combate à violência contra as mulheres em homenagem às irmãs Mirabal da República Dominicana.

Na década de 1950 elas  formaram um grupo de oposição ao governo ditatorial de Rafael Trujillo. Foram presas e torturadas diversas vezes e, em 1960, mortas por agentes do regime.

Edição: Rodrigo Chagas