Milhares de colombianos foram às ruas das principais cidades do país nesta quarta-feira (27/11) registrando o sétimo dia consecutivo de paralisações e protestos contra o pacote de medidas trabalhistas e previdenciárias do presidente Iván Duque. A greve geral de hoje contou com uma alta adesão de participantes que renderam homenagens a Dilan Cruz, estudante de 18 anos morto durante os protestos, e realizaram panelaços contra o presidente.
Em Bogotá, capital do país, as mobilizações começaram desde as primeiras horas do dia no parque Nacional, onde centenas de manifestantes se concentraram e depois marcharam em direção à praça Bolívar, região central onde está localizada a sede do governo colombiano. Na rua 100, também foi registrada uma grande marcha que ocupou os dois lados da via.
Os manifestantes também utilizaram as ruas próximas das universidades da cidade para marcharem contra as medidas do presidente e em homenagem a Dilan Cruz, que morreu após ser atingido por uma bomba de gás lacrimogêneo na cabeça por agentes do Esquadrão Móvel Antidistúrbios da Colômbia.
Na praça Bolívar, os colombianos realizaram um protesto que contou com apresentações artísticas, musicais, com a presença de líderes indígenas e estudantes. Segundo o jornal El Espectador, a parte jurídica da Universidade dos Andes e de Rosário, composta por advogados da instituição, estavam acompanhando os universitários durante a marcha.
Na segunda maior cidade da Colômbia, Medellín, os colombianos se encontraram na pela manhã na região de La Alpujarra, onde realizaram uma caminhada simbólica em solidariedade a Cruz. Os manifestantes ainda fizeram um minuto de silêncio em memória do estudante que morreu nesta segunda-feira (25/11).
Ainda em Medellín, os manifestantes realizaram um panelaço enquanto marchavam desde o parque Las Luces em direção ao parque El Salvador. No local, ocorreram apresentações artísticas denominadas de "Toques da Dignidade".
Na cidade de Cali, mais de 160 mil estudantes de 91 instituições paralisaram suas atividades após a convocação para mais um dia de protesto feita pelo Sindicato Único dos Trabalhadores da Educação do Valle (Sutev).
As mobilizações tiveram diferentes locais de partida. Muitos manifestantes saíram do parque dos Banderas, da rua Quinta, do entorno da Universidade do Valle, do centro de Cali na praça de Cayzedo e outros pontos.
Em Barranquilla, as marchas que saíram com centenas de pessoas do cemitério Universal e da Intendência Fluvial se encontram em frente à sede do governo da região Atlântico. As mobilizações contaram com a participação de estudantes e centrais sindicais de várias categorias.
Estudantes que estavam presentes na marcha renderam homenagens em memória de Cruz. Ainda na manifestação, alguns manifestantes chegaram a pedir a renúncia de Duque, que, segundo o presidente da CUT de Barranquilla, não fez "nenhum gesto para atender as causas pelas quais a população está nas ruas".
O dia de protesto também teve adesão em Cartagena. Manifestantes caminharam pela região da Cuatro Vientos e marcharam pela avenida Pedro de Heredia. Ainda na cidade, manifestantes se concentraram na região sul onde fizeram um panelaço contra Duque e homenagens a Cruz.
Em Bucaramanga, três concentrações em pontos diferentes da cidade se juntaram em uma grande marcha pela rua 36. Os manifestantes carregavam faixas e gritavam palavras de ordem em homenagem ao estudante que diziam "Dilan não morreu, Dilan foi morto".
Pela manhã, em Popayán, grupos indígenas bloquearam a via que dá acesso à cidade no sul da Colômbia como parte da manifestação. O terminal de ônibus de Cali cancelou viagens que iriam para a região.
Em Cúcuta, cidade que faz fronteira com a Venezuela, houve bloqueios de avenidas por manifestantes que protestavam contra obras públicas que estão paradas e em rechaço ao governo de Duque.
Sendo acompanhados pela polícia, manifestantes marcharam em Florencia pelas ruas da cidade. Em homenagem a Dilan, organizações sociais e estudantes de Tunja, capital do departamento de Boyacá, se mobilizaram a partir do parque Recreacional até a praça Bolívar. Os manifestantes ainda pediram a dissolução do Esquadrão Móvel Antidistúrbios e reajustes na reforma tributária anunciada pelo presidente colombiano.
As manifestações desta quarta vêm logo após a proposta de "diálogo nacional" do mandatário fracassar. Nesta terça-feira (26/11), os membros do Comitê Nacional da Greve, formado pelas lideranças dos principais movimentos populares que encabeçam as manifestações, se levantaram da mesa de negociações após rechaçarem a presença de empresários e outros setores na reunião que não estiveram presentes nos protestos.
Edição: Opera Mundi