Os termômetros prometem marcar 29 graus e sem chuva em Antonina, litoral do Paraná, neste sábado (30). A previsão é boa para receber a Festa da Reforma Agrária, celebrando a cultura caiçara e camponesa, que vai acontecer na comunidade agroflorestal José Lutzeberger – acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
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A festa vai durar o dia todo e tem presença confirmada do grupo Mandicuera, conhecido no estado pelos bailes de fandango e pela valorização, preservação e desenvolvimento das manifestações culturais dos povos do litoral paranaense. O grupo faz parte da Associação de Cultura Popular Mandicuera da Ilha de Valadares, que realiza a festa junto ao MST e à Associação Filhos da Terra, que reúne famílias da comunidade.
O cardápio do dia terá barreado no almoço e caldo de peixe no jantar, pratos típicos do litoral paranaense. O custo das duas refeições será de R$ 20 por pessoa. Para evitar o uso de materiais descartáveis, os organizadores orientam que os visitantes levem prato fundo, garfo, colher e copo. A comunidade vai disponibilizar área para camping para quem quiser pernoitar.
Uma feira vai reunir a produção das famílias da comunidade e de outros acampamentos e assentamentos do MST do estado. Estarão à venda produtos in-natura, processados e artesanatos. Haverá um ato inter-religioso com presença de representantes de diferentes crenças, além de um ato político que reunirá integrantes dos Poderes Públicos local e estadual.
Confira a programação completa da festa:
7h – Início da acolhida dos convidados
8h – Puxirão
9h – Ato inter-religioso
10h – Ato político
11h – Plantio de árvores em “Puxirão”
13h – Almoço
16h – Atividade Cultural
19h – Janta
20h30 – Baile de Fandango com o grupo Mandicuera
Resistência camponesa e caiçara
O acampamento José Lutzenberger foi criado há 15 anos, é formado por cerca de 30 famílias e está localizado em parte da Área de Proteção Ambiental (APA) de Guaraqueçaba, no litoral norte do estado. Antes de ser ocupado pela comunidade, o território era devastado pela pecuária extensiva de búfalo e por crimes ambientais, como o desvio do leito do Rio Pequeno, que atravessa a área.
Desde a ocupação do território, os camponeses iniciaram um trabalho de recuperação do bioma da Mata Atlântica, aliado à produção de alimentos a partir da agroecologia e da agrofloresta – sem utilização de agrotóxicos e com relações humanas e ambientais justas, com integração da produção de alimento com a mata nativa.
A experiência agroflorestal da comunidade foi registrada no documentário Agrofloresta é mais, lançado em 2018, com co-produção entre a Fiocruz, as Universidades Federais do Rio de Janeiro e do Paraná, do Ministério Público do Trabalho do Paraná e da Associação Paranaense das Vítimas Expostas ao Amianto e aos Agrotóxicos (APREAA).
O reconhecimento público pelo reflorestamento do bioma veio em 2017, quando a comunidade venceu o prêmio “Juliana Santilli”. A premiação revela o papel das comunidades locais na preservação da Mata Atlântica. O Paraná é o estado com maior faixa contínua desse bioma no Brasil. No entanto, entre 2017 e 2018, o desmatamento cresceu 25% em áreas paranaenses. O percentual coloca o estado em terceiro lugar no ranking dos que mais desmatam, segundo dados da Fundação SOS Mata Atlântica.