Neste domingo, noticiou-se mais uma ação abusiva de policiais militares do estado de São Paulo. Durante a realização de um conhecido baile funk na comunidade de Paraisópolis, na capital paulista, a ação de policiais militares causou a morte de nove e o ferimento de dezenas de pessoas.
Primeiramente, o SASP se solidariza com as famílias e amigos das vítimas.
As estimativas indicam a presença de cerca de 5 mil jovens, que buscavam diversão em uma noite de sábado.
Mesmo diante da grande aglomeração, os policiais teriam, segundo relatos trazidos em reportagens, atirado bombas de efeito moral e cercado a localidade com viaturas. Teriam, ainda, ocorrido disparos de armas – não se sabe se letais.
Vídeos divulgados por moradores e frequentadores da festa mostram policiais militares encurralando e batendo violentamente nos jovens, com cassetetes e chutes.
O governador João Doria (PSDB) deve também ser responsabilizado, pelo incentivo de uma política de falsa segurança baseada na violência. O ocorrido não pode ser tratado como um infeliz acidente, mas como mais um episódio de um método de segurança que criminaliza e ataca cidadãos periféricos, pobres e negros.
Uma ação como esta seria inimaginável em uma festa em área nobre ou com ingressos caros. A juventude periférica também tem direito a diversão e a criminalização de sua cultura deve ser substituída pelo diálogo e construção de políticas públicas que permitam o pleno exercício da cidadania por estes jovens.
O Sindicato dos Advogados de SP acompanhará as investigações dos fatos, que devem levar à justa responsabilização dos agentes envolvidos e mudança da postura de autoridades, como o Governador, em relação a eventos como este.
*Pedro Viana Martinez é advogado criminalista, diretor do SASP e ativista em defesa dos direitos humanos
Edição: Daniel Giovanaz