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Prática centenária em Natal, remo valoriza as águas do Rio Potengi

Atualmente, a capital potiguar conta com três clubes de remo

Brasil de Fato | Natal (RN) |
Foi nas águas do Potengi que surgiram práticas esportivas como o remo na capital potiguar
Foi nas águas do Potengi que surgiram práticas esportivas como o remo na capital potiguar - Cedida

Foi às margens do rio Potengi que surgiu a cidade de Natal. Seu nome tem origem na língua Tupi e significa “água de camarão”. Conectando as duas partes da cidade, o rio tem reconhecida relevância para o desenvolvimento da cidade por servir como principal fonte de abastecimento de água, além de ter sido fundamental para as atividades dos trabalhadores ribeirinhos e atividades culturais. Também foi nas águas do Potengi que surgiram práticas esportivas como o remo na capital potiguar.
O primeiro clube de remo de Natal foi o Centro Náutico Potengy, fundado em três de outubro de 1915 por um tenente ex-remador do Botafogo, no Rio de Janeiro. As cores do clube potiguar são homenagem ao alvinegro carioca. No mesmo ano, foi fundado o Sport Club de Natal, rival histórico do Potengy nas águas. No entanto, a prática do remo já acontecia em Natal.
Segundo Altair Luiz, treinador do Centro Náutico Potengy, a primeira regata de remo na capital potiguar aconteceu em 1897. “Em Natal, sempre houve atividades náuticas. Os pescadores nadavam e remavam para trabalhar. Ela contempla uma beleza absurda. Nossa raia de remo é uma das melhores do Brasil. Isso mostra que Natal tem algo a mais no remo. No estado como um todo, temos lagoas e rios que servem para praticar remo”, conta. No momento, além do Sport e do Potengy, a capital potiguar conta, ainda, com o Clube de Regatas União. Nestes mais de 100 anos de história, o remo potiguar enfrentou desafios para preservar a prática e sua tradição.

Centro Náutico Potengy foi fundado em 1915 / Divulgação

Centro Náutico Potengy
Atualmente, o clube conta com 33 atletas e aproximadamente 80 sócios-frequentadores, com idades que variam de 13 a 100 anos. O Potengy fornece bolsas para garantir que os atletas consigam permanecer praticando o esporte. “O estatuto do clube prioriza que o dinheiro feito seja para formação dos atletas e mantimento do remo”, explica o treinador.
Sendo o mais jovem membro do conselho deliberativo do clube com seus 26 anos, Altair, que é ex-marinheiro e atualmente estuda educação física, se orgulha do clube contar, hoje, com uma equipe feminina e diz que sua grande meta profissional é formar um atleta que chegue a ser campeão olímpico. “Esportes olímpicos são muito importantes para a formação de cidadãos”, garante o treinador.
Uma das atletas treinadas por Altair no Potengy é a potiguar Nathália Maria. A jovem tem ligação com o esporte desde a infância, porque seu pai é remador histórico do clube. No entanto, ela só começou a remar na adolescência, aos 16 anos, inicialmente apenas como forma de lazer.
A partir de 2016, Nathália passou a treinar com mais afinco e participar de competições, encarando o remo agora não apenas como um hobby, mas como uma prática esportiva. Desde então, ela já participou de desafios amadores e torneios profissionais estaduais e regionais. Além do remo, a atleta também estuda o teatro e divide o tempo entre as atividades esportivas e artísticas.
Os treinos são intensos e acontecem de maneiras variadas, tanto com o barco n’água, como em um equipamento que simula o remo. Também são feitos treinos de musculação e corrida, para melhorar o condicionamento e desempenho dos atletas. Dentre os benefícios da prática náutica, Nathália identificou melhorias como maior controle da respiração, força e memória corporal muscular. Ela declara que a prática do remo permitiu que ela passasse a ter um maior domínio do próprio corpo, que é bastante útil também para sua prática como atriz.
A jovem remadora conta, ainda, que graças ao remo ela passou a ter uma relação diferente com a natureza e isso mudou a sua forma de vivenciar o rio e a cidade. “Essa participação no esporte fez com que eu tivesse mais contato com a Ribeira, que é um bairro bem cultural, com beleza histórica. Mas, o principal é a natureza, que sem sombra de dúvidas eu não teria tido contato se não vivesse o remo. É um esporte perfeito para o contato com o rio, ver o nascer e o pôr do sol, a fauna... Eu vejo o mangue de perto, sinto a natureza em mim. É muito lindo”, declara.
 

Edição: Isadora Morena