O pedreiro Luís Ferreira da Costa, de 72 anos, era o último aluno da escola levantada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no acampamento Marielle Vive, no município de Valinhos, interior de São Paulo. No dia 18 de julho deste ano, antes de concluir o curso de alfabetização do movimento, ele foi brutalmente assassinado.
Seu Luís, como era chamado, foi atropelado na frente do acampamento, durante uma manifestação que pedia água para o local, uma reivindicação antiga do movimento. Ali, o pedreiro passou a integrar uma longa lista de vítimas da violência no em áreas rurais do Brasil.
Nesta terça-feira (10), Luís Ferreira da Costa foi um dos homenageados com o prêmio Santo Dias de Direitos Humanos, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). O filho do pedreiro recebeu o prêmio.
“Agradeço a homenagem ao meu pai, fico feliz de ver que ele foi abraçado por vocês é que vocês abraçaram a causa dele. Ele pediu água e recebeu sangue”, afirmou Aleandro Conceição, filho de Ferreira da Costa.
Pernambucano, Luís nasceu no Sertão do Cariri e ainda jovem foi morar em São Luis, no Maranhão. No Nordeste, se fez pedreiro, ofício que o acompanhou por toda a vida e pelo qual era convocado com frequência pelos vizinhos do acampamento e pelo movimento.
::“Apesar da idade, queria vencer”: antes de ser assassinado, Luis foi à escola do MST::
Quando veio para São Paulo, em 2002, foi em Campinas, interior do estado, que Ferreira da Costa se instalou. Casado com Maria das Dores da Conceição, de 48 anos, o pedreiro é pai de oito filhos (à pedido da família, os nomes não serão revelados) com idades entre 19 e 35 anos.
Responsável pela Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, da Cidadania, da Participação e das Questões Sociais da Alesp, a deputada Beth Sahão (PT), celebrou a entrega do prêmio. “Seu Luís foi brutalmente assassinado e estava lutando pelo direito básico à água e por poder produzir o alimento que diariamente chega em nossas mesas.”
Preta Ferreira
“O povo que está nas ruas, o povo dos movimentos sociais, são os verdadeiros defensores dos direitos humanos." Assim, Janice Ferreira da Silva, a Preta Ferreira, celebrou o prêmio Santo Dias de Direitos Humanos.
A produtora cultural passou 109 dias presa, acusada de extorsão e cobrança de uma taxa de condomínio de moradores de ocupações. Saiu do cárcere como uma importante liderança do movimento de moradia de São Paulo.
Integrante do Movimento Sem Teto do Centro (MSTC), que é comandado por sua mãe, Carmen Silva, que também foi encarcerada, Preta dedicou o prêmio para diversos setores da sociedade.
“Dedico esse prêmio a todos que estão vendo seus direitos sendo desmontados, aos corpos negros, aos LGBTs, aos indígenas, favelados e todos que são oprimidos por esse Estado. Dedico também a todos os presos políticos e aos funkeiros, que são criminalizados”, encerrou Preta Ferreira.
Edição: Rodrigo Chagas