A lecitina é muito usada como emulsificante pela indústria alimentícia
Um aditivo alimentar controverso que muita gente consome sem ter conhecimento. A lecitina de soja está todos os dias na comida de brasileiras e brasileiros e a maioria nunca ouviu falar deste nome. Comercializada como suplemento alimentar e também para uso medicinal, ela pode ser encontrada em vários tipos de alimentos do nosso dia a dia: nas margarinas, chocolates, bolos e pães.
Quem explica melhor o que é a lecitina de soja é a nutricionista Priscila Moreira,que atua na equipe de nutrição do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC) na cidade de São Paulo.
“A lecitina de soja é um tipo de gordura natural obtida a partir da soja. Ela serve muito para indústria alimentícia para ser utilizada como emulsificante. Então hoje nós temos diversos produtos que utilizam a lecitina de soja para dar homogeneidade, textura para pães e outros produtos alimentícios. Como ela é usada como emulsificante, ela acaba sendo declarada como qualquer outro ingrediente no rótulo dos alimentos. Normalmente em molhos ou condimentos a base de soja a gente vai encontrar, como o molho shoyo, ou aquele queijo tofu. Alguns tipos de massa, bolos, tortas, acabam utilizando também, principalmente aqueles a base de produtos integrais.”
Há onze anos, Priscila atende pacientes com risco cardiovascular e outras desordens metabólicas no ambulatório de nutrição do hospital onde trabalha. Ela esclarece que algumas das alegações medicinais para uso da lecitina de soja em benefício da saúde estão associadas justamente à suposta qualidade da lecitina como uma gordura vegetal.
No entanto, a nutricionista alerta que não há um consenso nem médico nem científico que comprove que a lecitina de soja seja realmente capaz de auxiliar no controle do colesterol, na redução de doenças cardiovasculares e na melhora de doenças neurodegenerativas.
“Falar sobre a lecitina de soja é um tanto quanto controverso visto que ainda não temos muito trabalhos ou ainda não temos consenso, na verdade, que reúnam trabalhos alegando a quantidade exata de prescrição ou suplementação.Nenhuma dessas alegações estão trazidas em consenso ou como diretrizes de órgãos como a Sociedade Brasileira de Cardiologia ou Associação Americana de Diabetes. Nenhuma dessas entidades traz efetivamente uma dose recomendada de lecitina de soja em benefício da saúde.”
No mercado brasileiro, a lecitina de soja é produzida tanto pela indústria alimentícia quanto pela farmacêutica. De acordo com a nutricionista do Instituto Dante Pazzanese, a atenção deve ser redobrada para possíveis alergias desenvolvidas por conta da soja. Segundo ela, não existe na legislação brasileira nenhuma obrigatoriedade em declarar em destaque nas embalagens alimentícias a presença de lecitina de soja na composição dos alimentos.
“O que as pessoas precisam ficar atentas quando desenvolvem esse tipo de alergia, é realmente ir na lista de ingredientes para verificar se na lista de ingredientes a gente tem a presença da lecitina de soja. Normalmente quem desenvolve esse tipo de alergia à lecitina, ou alergia à soja, são as crianças. Mais um alerta aí aos pais quando observarem qualquer tipo de sintoma ligado a parte cutânea da criança, observar muito corrimento nasal, enfim, sintomas típicos de alergia, investigar muito com o profissional qual é a fonte dessa alergia.”
No Brasil, a lecitina de soja pode ser encontrada como fitoterápico, tanto em pó, como em formato de cápsulas, seja em farmácias ou em lojas de produtos naturais.
Edição: Camila Salmazio