Deputados do Partido Democrata dos Estados Unidos formalizaram duas acusações, de abuso de poder e obstrução da Justiça, contra o presidente Donald Trump (Partido Republicano), na Câmara dos Representantes – equivalente à Câmara dos Deputados do Brasil –, nessa terça-feira (10). As acusações fazem parte do processo de impeachment e são conhecidas como “artigos de impeachment”.
O Comitê Judiciário da Casa votará, a partir desta quarta-feira (11), se as acusações serão aceitas pela Câmara e se esta deve denunciar Trump formalmente pelos delitos. Se isso ocorrer, o republicano será o terceiro presidente dos EUA a passar por isso, ao lado de Richard Nixon e Bill Clinton.
Entenda o processo de impeachment
No dia 24 de setembro, a presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi (Partido Democrata), abriu o processo de impeachment contra Trump. Mais de um mês depois, no dia 13 de novembro, começaram as audiências no Comitê Judiciário da Casa, com os depoimentos das testemunhas do processo.
O presidente é acusado de obter informações prejudiciais ao ex-vice-presidente Joe Biden – um dos favoritos para disputar as eleições estadunidenses de 2020 pelo Partido Democrata – em troca do envio de ajuda militar à Ucrânia.
Segundo os depoimentos de funcionários da diplomacia e do governo, na Câmara, o presidente agiu em benefício próprio ao pressionar o governo ucraniano a abrir investigações sobre Biden em ações suspeitas no leste europeu.
Em uma coletiva de imprensa, o democrata Jerrold Nadler, que apresentou os artigos de impeachment, disse este é “um crime passível de impeachment o presidente exercer os poderes de seu cargo público para obter um benefício impróprio e pessoal enquanto ignora ou prejudica o interesse nacional".
"Isso é exatamente o que o presidente Trump fez quando solicitou e pressionou a Ucrânia a interferir em nossas eleições de 2020 - prejudicando a segurança nacional, minando a integridade da próxima eleição e violando seu juramento ao povo americano".
Caso o Comitê Judiciário da Câmara aceite as acusações e que a Casa deve denunciar formalmente Trump, o processo segue para o Senado, onde a maioria é republicana. Isso diminui as chances do presidente sair do cargo.
"A integridade de nossa democracia está sendo colocada em risco por um presidente que já buscou interferência estrangeira nas eleições de 2016 e 2020”, afirmou Nadler. Trump também foi acusado, em 2016, de solicitar interferência da Rússia contra sua então adversária Hillary Clinton.
Com a formalização das acusações, Trump usou sua conta no Twitter para se manifestar. Ele disse que está sendo vítima de uma “caça às bruxas”.
Edição: Julia Chequer