Cerca de 1,8 milhões de pessoas foram às ruas da França nesta terça-feira (17/12) para protestar em mais um dia de greve geral contra a reforma da previdência proposta pelo presidente Emmanuel Macron. Segundo dados da Confederação Geral do Trabalho (CGT), mais 260 manifestações aconteceram em mais de 80 cidades do país.
"Há mais manifestantes, mais manifestações e mais grevistas", disse Philippe Martinez, presidente da CGT, ao jornal Le Fígaro. A paralisação desta terça-feira foi convocada por todos os principais sindicatos franceses. Segundo as centrais sindicais organizadoras da greve geral, uma nova mobilização deve acontecer na próxima quinta-feira (19/12).
De acordo com a CGT, 350 mil franceses ocuparam as ruas e avenidas da capital francesa, Paris. Por volta das 14h (10h, no horário de Brasília), uma ampla manifestação que reuniu sindicatos de diversos setores saiu da Praça da República em direção à Praça da Nação.
A marcha chegou ao seu destino por volta das 18h (12h, no horário de Brasília) e os manifestantes fizeram uma recepção para os sindicalistas da Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT), o maior sindicato do país que aderiu na última semana a greve geral em conjunto com as outras centrais sindicais.Segundo a RFI, a CFDT, que já havia apoiado o governo francês em diversas ocasiões, afirmou que a proposta de reforma da previdência de Macron havia "cruzado a linha".
Ainda na Praça da Nação, a polícia reprimiu os manifestantes e disparou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar as pessoas. No total, 27 pessoas foram presas durante as paralisações em Paris. A CGT também destacou o grande número de jovens que participaram da greve geral.
Cerca de 32% dos ferroviários da França aderiram à greve. Metade das linhas do sistema metroviário de Paris foram fechadas e apenas algumas linhas ferroviárias ficaram abertas durante a manhã. Os trens de alta velocidade estavam funcionando com a apenas 25% da sua frota.
Mais de 32% dos funcionários da empresa pública ferroviária Société Nationale des Chemins de fer Français, também aderiram à paralisação. Dentro da categoria, 75,8% dos maquinistas e 59,2% dos controladores paralisaram suas atividades em apoio ao movimento.
Segundo a CGT, 50% dos professores da educação primária e 60% da secundária participaram da paralisação nacional. Algumas escolas tiveram as aulas canceladas devido a presença dos magistrados nas manifestações.
Ainda na Praça da Nação, um grupo de profissionais da saúde com médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem compareceram na manifestação com uma placa com os dizeres: "Hospital público em emergência vital".
Outras cidades como Lyon, Toulose, Bordeaux, Lille e Marselha também tiveram protestos contra a reforma da previdência. Os organizadores afirmaram que cerca de 40 mil franceses participaram da greve geral em Lyon, enquanto as marchas em Toulose registraram cerca de 120 mil participantes. Em Marselha, por sua vez, aproximadamente 200 mil pessoas se mobilizaram.
As centrais sindicais descartaram que a greve geral seja suspensa nas festas de fim de ano, um pedido do governo para que as mobilizações fossem paralisadas
O líder do partido de esquerda França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, afirmou que as manifestações são "mais fortes" e que "o nível de mobilização, a extensão geográfica e a variedade de gerações é mais importante". Mélenchon ainda disse que o presidente Macron terá "ainda mais dificuldade em tentar apagar" as manifestações dos franceses.
Greve Geral
Nesta segunda-feira (16/12), o Alto Comissário para a Aposentadoria na França e idealizador do projeto da reforma da previdência do país , Jean-Paul Delevoye, pediu demissão. Delevoye mantinha 13 contratos como consultor e ocultou a informação do governo francês, motivo que gerou sua saída.
No último dia 5 de dezembro, mais de 1,5 milhão de pessoas foram às ruas da França contra a reforma da Previdência do presidente Macron, em mais de 70 cidades do país.
As centrais sindicais já convocaram 13 mobilizações nas cidades francesas em rechaço à reforma. A reforma da previdência foi uma promessa de campanha do então candidato Macron. Segundo ele, as mudanças no sistema simplificariam a política de aposentadorias, substituindo os atuais 42 regimes especiais por um sistema único.
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