O Ministério Público Federal (MPF) pediu o afastamento do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, na última quarta-feira (19) ao denunciá-lo por crime de calúnia contra o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. Se for condenado, ele pode ser sentenciado a até dois anos de prisão. A denúncia foi assinada pelo procurador Wellington Marques de Oliveira.
Santa Cruz teria cometido crime, segundo o MPF, ao dizer que Moro “banca o chefe de quadrilha”, em entrevista sobre a condução das investigações da Operação Spoofing, em julho deste ano. A operação investigava a invasão de contas do aplicativo Telegram de dezenas de autoridades. Na ocasião, Moro disse que as mensagens encontradas pela Polícia Federal seriam destruídas. A declaração causou polêmica porque, embora a Polícia Federal esteja sob o seu comando, um ministro não pode determinar a destruição de provas.
Comunicado sobre a denúncia, o presidente de OAB acionou o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) contra o procurador Wellington Marques de Oliveira, e aguarda uma resposta.
Alvo de Bolsonaro
A denúncia do MPF diz que as declarações de Felipe Santa Cruz são uma "demonstração clássica de tendências ditatoriais na qual Felipe demonstra ter conhecimentos supremos e acima da média da população na tentativa de determinar as crenças, opiniões e o exercício do voto alheio".
O presidente da OAB foi alvo de uma declaração agressiva do presidente Jair Bolsonaro em julho deste ano. Após ser criticado por Santa Cruz, o capitão reformado disse: "Se o presidente da OAB quiser saber como o pai dele desapareceu, eu conto". Fernando Santa Cruz, o pai, é um desaparecido político da ditadura militar brasileira.
Edição: Daniel Giovanaz