Ao longo de 2019, o Haiti viveu um ciclo de massivas mobilizações contra a crise econômica e política no país. Nas ruas, a população haitiana denuncia a falta de combustíveis e de recursos e exige a renúncia do presidente Jovenel Moïse. Em meio a um cenário de falta de atividade institucional, a única resposta apresentada pelo governo tem sido a repressão policial.
Apesar da grave situação no país caribenho, os protestos não ganharam a mesma visibilidade nos meios de comunicação internacionais ou, quando foram noticiados, foram deturpados, como comentou o analista político Lautaro Rivara, integrante da Brigada Internacional de Solidariedade ao Haiti da Alba Movimentos em entrevista ao Brasil de Fato.
"Isso também se deve, sem dúvida, a considerações racistas na hora ignorar um povo negro que foi fundador da Primeira República Independente do mundo. Há uma série de considerações racistas, de preconceito e falácias coloniais, uma visão totalmente estereotipada sobre a realidade, a política e a cultura do país que fazem com que o aconteça no Haiti seja invisível ou, quando a gravidade de alguns acontecimentos conseguem romper esse cerco, a visão é distorcida".
Em viagem realizada ao país caribenho neste mês para participar do Colóquio Internacional "Ocupação, soberania e solidariedade", evento que discutiu os impactos de 15 anos de ocupação internacional das missões da Organização das Nações Unidas, o fotógrafo brasileiro Rafael Stedile realizou uma série de retratos do povo haitiano, que busca dar visibilidade às e aos protagonistas da luta popular no país em suas atividades cotidianas.
::: Racismo da imprensa invisibiliza protestos no Haiti, afirma sociólogo e jornalista :::
Confira a série de retratos, por Rafael Stedile:
Edição: Luiza Mançano