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Farinha d'água Terra e Vida é a primeira a receber selo da agricultura familiar no MA

Cem famílias do assentamento Cristina Alves participam da produção

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A farinha d´água Terra e Vida também é conhecida como farinha amarela ou farinha de puba.
A farinha d´água Terra e Vida também é conhecida como farinha amarela ou farinha de puba. - Foto: Reprodução
Cem famílias do assentamento Cristina Alves participam da produção

No tradicional feijão com arroz, em comidas típicas como a panelada e o chambari e até com frutas. A farinha d´água feita da mandioca é a preferida no prato do povo maranhense. Uma em especial tem se destacado na região pelo selo de alta qualidade. É a farinha d´água Terra e Vida, produzida no assentamento Cristina Alves, no município de Itapecuru-Mirim, no Norte do Maranhão.

Organizadas em uma cooperativa, cem famílias do assentamento colhem, a cada um ano e meio, dezesseis toneladas de mandioca por hectare. A farinha d´água produzida da mandioca plantada nessas terras provenientes da reforma agrária já começa a ser reconhecida. A Terra e Vida é a primeira a receber o selo de certificação de qualidade da agricultura familiar do Estado do Maranhão.

No assentamento de quatro mil hectares localizado a 120 quilômetros de São Luís, a mandioca é o carro chefe nas plantações das famílias que dividem o uso coletivo da área para plantar também milho arroz e feijão. Quem explica direitinho o bê a bá da produção da farinha d´água Terra e Vida é o agrônomo Elias Araújo, assentado há doze anos no Cristina Alves.

“Ela tem dois destinos: um a gente beneficia diretamente no assentamento, que é o que dá a farinha terra e vida. Ela é colhida, leva-se para essa unidade de beneficiamento, tem um trabalho coletivo, de descascamento da mandioca. Tem um processo de fermentação, ela é colocada num tanque com água limpa que fica dois dias fermentando, com isso ela fica no ponto para ser prensada e depois preparada. Por isso que chama farinha d´água, porque ela é obtida por um processo de fermentação. Ela é colocada na água para amolecer e daí desenvolver o processo de produção da farinha.”

Produção é feita de forma coletiva, desde o plantio da mandioca até a comercialização do produto. Foto: Reprodução.

Da mandioca produzida no assentamento Cristina Alves, o que não vira farinha é vendido in natura nas feiras, nos mercados locais e para a indústria de cervejas e cachaças do Maranhão.

Saborosa e crocante, a farinha d´água Terra e Vida também é conhecida como farinha amarela ou farinha de puba. É das mãos de gente como a agricultora Irismar Oliveira dos Reis que vem o esforço de semear, colher, descascar e ampliar a produção e a comercialização da farinha d´água. No assentamento onde ela vive com sua família há sete anos, Irismar sabe que só prospera junto à terra quem trabalha coletivamente e em parceria.

“Se a gente tem uma grande plantação ou cultivo assim, a ideia é que fossemos aperfeiçoando essa forma de produzir. Foi com esse objetivo que a gente teve uma parceria com o Governo do Estado onde conseguimos uma casa de farinha, uma mini indústria de beneficiamento dos produtos derivados da mandioca. Estamos aperfeiçoando a qualificação do produto com o objetivo que possamos ofertar ao mercado, tendo em vista que o mercado do Maranhão é um grande consumidor de farinha. Além de conseguir entrar no mercado na questão da comercialização do produto, é também para que a gente consiga garantir uma renda por meio dessa qualificação do produto.”

O selo da agricultura familiar do Maranhão recebido pela farinha d´água Terra e Vida é concedido a produtos identificados como agroecológicos, saudáveis, sem agrotóxico, produzidos por grupos organizados com origem familiar. Ensacada pura, a farinha d´água Terra e Vida também pode ser encontrada nas versões com coco ou farofa nas feiras livres, comércios locais da região de Itapecuru-Mirim e no Armazém do Campo em São Luís do Maranhão.

Edição: Camila Salmazio