A Petrobras reajustou o preço do gás de cozinha em 5% nesta sexta-feira (27). É o quinto aumento registrado em 2019 -- a alta acumulada é de quase 10% no ano.
Os reajustes cada vez mais frequentes são resultado da mudança na política de preços da Petrobras após o golpe contra Dilma Rousseff (PT), em 2016. As alterações foram feitas pelo presidente da Petrobras durante o governo Temer (MDB), Pedro Parente, e mantidas durante o governo Bolsonaro.
Essa nova política de preços da Petrobras baseia-se na variação das cotações internacionais de óleos combustíveis e das taxas de câmbio. O preço é ajustado a cada três meses, conforme a evolução dos indicadores no trimestre anterior. Com isso, se o dólar ou o euro sobem, isso impacta no preço dos combustíveis no Brasil.
A alta em 2019 tem relação com o aumento do dólar, que chegou a valer R$ 4,26 em 2019. Ela se aplica a todos os tipos de GLP (gás liquefeito de petróleo), ou seja, botijões de uso doméstico (13 kg) e industrial (embalagens acima de 13 kg). Não há como precisar em quantos reais será o impacto para o consumidor -- a variação dependerá das margens de cada distribuidora.
Críticas
Especialistas no tema e trabalhadores do setor de combustíveis são críticos à política de preços da Petrobras implementada por Parente.
Em 2017, primeiro ano após a mudança, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que mais de um milhão e duzentas mil famílias trocaram o gás de cozinha por lenha, porque não conseguiam mais comprar o botijão.
Alexandre Finamori, técnico de operação na refinaria Gabriel Passos (MG) e representante da Federação Única dos Petroleiros (FUP), argumenta que ela prejudica não só o consumidor, mas também a Petrobras: "Essa política é muito prejudicial até para a empresa, que está perdendo espaço de mercado. Desde 2016, vem aumentando a importação de diesel e gasolina, o que aumenta ainda mais o preço nacional dos combustíveis", explica, em entrevista ao Brasil de Fato.
O atrelamento às variações internacionais de preços teria relação com o interesse dos governos Temer e Bolsonaro de vender as refinarias a empresas privadas.
"Nenhuma empresa privada compra refinarias e vai produzir derivados [do petróleo] se o preço desse derivado não for atrelado ao mercado internacional. Outro objetivo dessa política é aumentar o pagamento de dividendos aos acionistas", afirma Cloviomar Pereira, técnico do Departamento Intersindical de Economia e Estatística (Dieese), na mesma reportagem.
"Com isso, o que a gente espera é um mercado mais privado e uma maior insegurança em relação aos preços dos derivados", finaliza Pereira.
Edição: Daniel Giovanaz