O secretário da Cultura Roberto Alvim, o mesmo que chamou Fernanda Montenegro de “sórdida”, publicou vídeo na noite dessa quinta-feira (16), no qual copia trechos de um discurso de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda na Alemanha Nazista, sobre as artes. A atitude provocou uma onda de repúdio nas redes na madrugada de sexta-feira.
O vídeo foi postado pela própria Secretaria Especial da Cultura do governo de Jair Bolsonaro. O objetivo era divulgar o Prêmio Nacional das Artes, apresentado horas antes em live com a participação do próprio presidente.
#PrêmioNacionaldasArtes | Marco histórico nas artes e na cultura brasileira! Com investimento de mais de R$ 20 milhões, o Prêmio Nacional das Artes vai apoiar projetos de sete categorias em todas as regiões do Brasil. Dê o play e confira! pic.twitter.com/dbbW4xuKpM— Secretaria Especial da Cultura (@CulturaGovBr) January 16, 2020
Compare abaixo os dois discursos:
“A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada”, disse Goebbels em pronunciamento para diretores de teatro, de acordo com o livro “Goebbels: a Biography”, de Peter Longerich.
“A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada”, afirmou Alvim no vídeo.
Forma e conteúdo
Não só a fala, como também a estética do vídeo, o tom de voz e a aparência do secretário, além do vocabulário e da trilha sonora também fizeram várias personalidades compararem a divulgação à propaganda nazista.
A música de fundo usada por Alvim é um trecho da ópera “Lohengrin”, de Richard Wagner, uma obra que Hitler contou em sua autobiografia ter sido decisiva em sua vida.
A fala do secretário levou o nome de Goebbels a ser um dos mais citados no Twitter durante a madrugada e fez com que centenas de internautas repudiassem a referência nazista e postassem comparações com a propaganda de Hitler.
Edição: Revista Fórum