“Não tenho expectativa sobre essa nomeação. Ela vem há muito tempo se posicionando muito mal nas questões políticas do país, sempre apoiando o lado errado, e agora fará parte de uma equipe que tem declarado guerra à cultura.” O comentário, feito à Rede Brasil Atual, é do ex-ministro da Cultura Juca Ferreira, sobre o fato de a atriz Regina Duarte ter aceitado a nomeação para a secretaria da Cultura de Jair Bolsonaro.
A atriz, que já foi conhecida como “a namoradinha do Brasil”, substitui o ex-secretário Roberto Alvim, demitido após divulgar vídeo em que citou uma fala de Joseph Goebbels, chefe de propaganda de Adolph Hitler. “Ele foi demitido porque deu bandeira. Mas foi nomeado dentro da perspectiva de fazer uma governança semelhante ao que os nazistas fizeram com a cultura: censura, manipulação, uso do Estado para perseguições políticas de setores críticos”, continua Ferreira.
Para o ex-ministro, Alvim “não podia ter feito uma cena nazista com uma fala do Goebbels e a música preferida de Hitler ao fundo, com toda uma mise-en-scène. Bolsonaro tinha acabado de elogiá-lo.”
Para o ex-presidente do PSB Roberto Amaral, a questão não é Regina Duarte ou o ex-secretário Roberto Alvim. “Isso é uma questão secundária. A política deste governo é de desconstituição da cultura brasileira. Estão tentando destruir a Casa de Rui Barbosa, por exemplo. Até agora ninguém disse que o plano lançado por Alvim vai ser alterado”, diz.
A historiadora Maria Victoria Benevides lembra o posicionamento político de Regina Duarte. “Para quem disse que tinha muito medo de uma vitória de Lula, agora não apenas não tem medo como apoia e vai participar de um governo que defende tortura e torturador? É chocante”, avalia.
Em sua página do Twitter, o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) também lembrou o medo da atriz. “Quem tinha ‘medo’ no passado o perdeu para contribuir com um projeto que não se constrange de sua faceta corrupta e fascista”, escreveu.
Para Maria Victoria, participar deste governo, em qualquer área, “depõe muito contra a pessoa”. “Um presidente que homenageia milicianos, homenageia torturador como brilhante Ustra, e que disse que o regime de 64 matou pouco. É absolutamente horroroso. Esse episódio terrível de um secretário de Cultura com uma fala nazista é um elemento a mais no quadro de horror desse governo”, conclui a historiadora. Em entrevista à rádio Jovem Pan em julho de 2016, Bolsonaro afirmou que “o erro da ditadura foi torturar e não matar.”
A atriz, agora nova secretária da Cultura, disse à coluna de Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo, que vai “noivar” com o governo e que pretende fazer uma “gestão para pacificar a relação da classe com o governo”.
Segundo matéria do Congresso em Foco, usuários do Twitter encontraram uma foto de Regina Duarte ao lado do ex-presidente de Cuba Fidel Castro, em uma visita que ela fez a Cuba, com seu ex-marido, o diretor Daniel Filho.
Para o jurista Pedro Serrano, Bolsonaro não é conservador, é reacionário. “E quem apoia Bolsonaro também não é conservador. Está apoiando um governo reacionário.” Leia aqui.
Edição: Rede Brasil Atual