Às vésperas de completar um ano do crime da Vale em Brumadinho, cerca de 350 atingidos que estão em marcha desde o último dia 20, fecharam a linha férrea da Vale na cidade de Mário Campos, região metropolitana de Belo Horizonte, a 15 km de Brumadinho. Os manifestantes exigem que a mineradora paralise toda a circulação de minério ao longo do próximo sábado (25) -- data que marca um ano do rompimento da barragem da mineradora em Brumadinho - como forma de respeito à memória de todas as vítimas.
O rompimento da barragem B1 da mina Córrego do Feijão vitimou 272 pessoas e onze vítimas continuam desaparecidas embaixo da lama de rejeitos.
A ação, que durou toda a manhã, foi organizada pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que entregou um ofício à empresa MRS, responsável pelo gerenciamento das linhas férreas na região. No documento, o movimento ressalta o impacto ambiental e social causado pelo crime e cita que o direito ao luto e à reparação integral das famílias é garantido por acordos nacionais e internacionais de direitos humanos.
Para Joceli Andrioli da coordenação do MAB, o ato é a única forma de garantir que a mineradora respeite a dor e o sofrimento das famílias. “É um pedido de respeito aos familiares que estão em luto, as pessoas que morreram e também as milhares de famílias que seguem sofrendo com esse crime em toda a bacia do Paraopeba.”afirma.
Michelle Rocha é moradora de Brumadinho e perdeu uma prima, vítima do crime. Para ela a paralisação das linhas é o mínimo que a mineradora pode garantir às famílias. “Queremos que pelo menos um dia essa Vale criminosa deixe de lucrar. É uma questão de luto e de respeito, porque se mataram da forma como mataram, então pelo menos que eles respeitem o dia 25 e parem a produção” ressalta.
A reportagem do Brasil de Fato entrou em contato com a empresa MRS e a mineradora Vale sobre a demanda dos atingidos. A MRS informou, em nota, que interromperá suas atividades na região das 7h às 19h de sábado e afirmou ser "solidária a todos os envolvidos nos eventos de janeiro de 2019", ocasião em que quatro trabalhadores da empresa morreram. A Vale não respondeu.
As atividades da jornada de lutas dos atingidos pelo crime da Vale em Brumadinho e na Bacia do Rio Doce seguem na tarde desta quinta-feira (23).
Os manifestantes seguem para a Assembleia Legislativa de Minas Gerais, onde será realizada uma homenagem às vítimas do crime socioambiental em Brumadinho. Na sexta-feira (24) está programado um seminário em Betim, com a presença do ex-presidente Lula. No sábados as caravanas seguem para Brumadinho e Córrego do Feijão.
Edição: Leandro Melito