Em 1999, Hugo Chávez ganha a presidência da Venezuela pela primeira vez, mesmo em um contexto de avanço do neoliberalismo na América Latina, de retirada de direitos, o povo bolivariano escolhe um novo comando para seu país, um presidente que se dizia povo. Inaugura-se nesse ano um projeto de novo tipo no país. Seu primeiro ato é chamar uma Assembleia Geral Constituinte, com o objetivo de refundar a natureza do Estado.
Bem, essa Constituição que garantia uma participação popular no aparelho estatal como um todo e na vida política da Venezuela, foi referendada por grande maioria do povo em uma consulta popular.
Contudo, o poder político nas mãos do povo, não se faz somente com uma bonita Constituição. O Estado necessitava chegar em cada casa do país, são criadas as “missões”, programas do governo para resolver problemas estruturais do país, desde a erradicação do analfabetismo, desemprego, saúde, moradia entre outras. Essas missões além de ajudar a resolver problemas crônicos de 500 anos de desigualdade social, foram também uma grande ferramenta de trabalho de base e conscientização do povo. Na medida em que uma pessoa aprendia a ler e escrever, ela começava a ensinar os outros, por exemplo.
Outro elemento chave do processo de resistência às diversas tentativas de intervenção na Venezuela, que passa desde sanções econômicas, midiáticas, políticas e militares, com o objetivo de alinhar a Venezuela aos interesses dos EUA e sacar sua grande reserva de petróleo, é a união cívico e militar. Chávez quando mudou a natureza do Estado também mudou a natureza das forças armadas, em que se consagra uma ideologia de uma instituição profundamente nacionalista, anti-imperialista e seu papel, acima de tudo, era defender o povo Venezuelano.
Seriam esses os dois grandes elementos que a Venezuela teria a nos ensinar? Um Estado que sirva para o povo, em que a resolução da vida concreta da população seja atrelada com um processo de formação de consciência e trabalho de base, além, claro, da união cívico e militar? Bem, o fato é que no Brasil e na América Latina, estamos vendo sucessivos golpes ocorrendo, e na Venezuela, existe um povo heroico, que mesmo diante das adversidades tem conseguido resistir, há 20 anos, bravamente a uma guerra avassaladora.