A atleta curitibana Giulia Gasparin representa o Brasil em competições de esgrima desde 2008. Há sete anos, recebe incentivo do programa Bolsa Atleta, que já beneficiou 23 mil esportistas em todo o país com depósitos mensais. No próximo ano, porém, o patrocínio desses atletas está sob a ameaça da política de cortes do Governo Federal: a proposta da Lei Orçamentária Anual (LOA), enviada à Câmara dos Deputados em setembro, prevê uma redução de 87% na verba destinada ao Ministério do Esporte no próximo ano.
“Esse programa é fundamental para que possamos treinar e competir. O Bolsa Atleta foi decisivo em minha carreira”, defende Giulia. Ela e mais três esportistas, todas beneficiárias do programa, conquistaram neste mês a medalha de bronze no campeonato Sul-Americano em Santiago, no Chile. “Ainda assim, o valor que recebemos não dá conta do nosso sustento. Eu preciso trabalhar para complementar a renda. Sem o incentivo, milhares de atletas serão prejudicados”, avalia.
Na Câmara
A comunidade esportiva está em alerta pela manutenção dos programas de financiamento ao esporte. Uma audiência pública ocorrida na última semana, em Brasília, discutiu saídas para o próximo ano. “Um possível fim do Bolsa Atleta é uma perda para todo mundo. O esporte promove união, saúde, oportunidade e inspiração. Ele ajuda a desenvolver valores no ser humano”, defende Giulia. Com a esgrima, além de medalhas, ela ganhou a oportunidade de desenvolver seu foco e a capacidade de atenção no dia a dia.
A comunidade presente na audiência pública declarou que a intenção é pressionar para que o orçamento do próximo ano seja, pelo menos, igual ao de 2017.
Bolsa a milhares de atletas
Criado em 2005, programa Bolsa Atleta é o maior programa de patrocínio individual no esporte em todo o mundo. Segundo Giulia, apesar de ser concedido a atletas que têm medalhas ou bom ranking, ainda abrange a base e ajuda atletas com condições mais precárias. Só no ano passado, foram atendidos 7.297 representantes brasileiros no esporte, em diferentes modalidades.