Na manhã desta terça, 26, indígenas de todo o Paraná ocuparam o prédio do Ministério da Saúde, em Curitiba. O ato se deve à ameaça do atual governo em acabar com a Secretaria Especial da Saúde Indígena (Sesai) e municipalizar o atendimento. Este e outros retrocessos são apontados pelas lideranças do movimento indígena como uma ameaça à vida e sobrevivência dos índios brasileiros. Em entrevista para o Brasil de Fato, Elói Jacinto, liderança guarani da Aldeia Tupã Kretã, de Morretes (PR), falou sobre as ameaças aos seus direitos. Confira.
Brasil de Fato: O que representa a Secretaria Especial de Saúde Indígena na história de vocês?
Elói Jacinto: É uma conquista nossa, a construção de um subsistema da saúde indígena tem a ver com a nossa luta. Conseguimos criar a Secretaria para oferecer atendimento diferenciado aos indígenas. Os povos indígenas que construíram um sistema de saúde indígena. Não é uma política de um partido, é uma política construída por nós.
Como vocês receberam a notícia da pretensão do governo federal em municipalizar a saúde indígena?
Na verdade, o governo não está querendo passar essa proposta, está querendo empurrar goela abaixo das comunidades indígenas, pois não fomos chamados ao diálogo. Desrespeitando a estrutura das organizações indígenas. A municipalização ela vai prejudicar a nossa saúde porque o município não tem condições de receber a saúde indígena. Toda a posição desse governo é um ataque direto aos povos indígenas. É ameaça de vida das populações indígenas.
Por que vocês são contra a municipalização da saúde indígena?
Por que representa o enfraquecimento do subsistema de saúde indígena e da Sessai e isso para nós tem um resultado que é a morte. O resultado é a exterminação dos nossos povos. A criança, o idoso, a gestante que vão sofrer. Tem indígena que só fala na língua materna e como ele vai ser compreendido no SUS, como vai ser atendido e como será feito seu diagnóstico. Município nenhum tem condições de suportar esta demanda. Nossa posição é de não transferir para o município e manter como está. Inclusive visitamos prefeitos e eles estão se posicionando contra. E, se for preciso nós vamos para o enfrentamento.