Desde que a reintegração de posse da ocupação Flores do Campo, situada na zona norte do município de Londrina, foi prorrogada por três meses, em 21 de novembro de 2017, o que se viu foi o descaso dos poderes públicos municipal e estadual.
“Só falam pra gente sair. Sair pra onde? Nunca tivemos essa resposta. Não temos para onde ir, as famílias que ficaram é porque realmente precisam”, comenta a moradora da comunidade, Eliane Marques. A ocupação existe desde outubro de 2016 e atualmente é formada por 160 famílias.
Em reunião com moradores e moradoras da Ocupação no último dia 19 de fevereiro, o juiz da Primeira Vara Federal, Oscar Mezzaroba Tomazoni, garantiu que não haverá desocupação antes de analisar possibilidades de uma solução pacífica. Tomazoni prometeu analisar a proposta de uma audiência judicial com a Prefeitura de Londrina, Companhia de Habitação de Londrina (Cohab) e Caixa Econômica Federal.
Prefeitura cancela reunião
A agenda com o juiz federal foi conquistada após a prefeitura municipal desmarcar uma reunião convocada pela Defensoria Pública da União (DPU), no dia 8 de fevereiro. Além da prefeitura, Cohab, Caixa Econômica, Polícia Militar (PM), entre outros órgãos foram convidados. O cancelamento ocorreu na véspera, revoltando moradores e moradoras.
O cancelamento ocorreu na véspera, revoltando moradores e moradoras. “Foi um descaso, sequer ficamos sabendo do cancelamento, muitos compareceram”, relata a psicóloga Sara Gladys Toninato, integrante da organização Consulta Popular, que acompanha o dia a dia da ocupação.
Sobre a Ocupação Flores do Campo
O terreno foi ocupado por aproximadamente 800 famílias em outubro de 2016, diante da paralisação das obras por quase um ano. O empreendimento tinha previsão de ser entregue em 2015 e é um projeto do programa Minha Casa Minha Vida, viabilizado pela Caixa Econômica Federal, em parceria com a Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar). A construção foi abandonado repentinamente pela Construtora Fórmula Empreendimentos Imobiliários, mesmo tendo recebido 70% do valor da construção. Somente 48% das obras foram executadas.