Frequentadores do O Torto Bar, um dos mais conhecidos do centro de Curitiba, estiveram presentes em um ato organizado pela internet em repúdio à agressão cometida pelo dono do estabelecimento, Arlindo Ventura, contra uma jovem negra. O protesto ocorreu nessa quarta -feira (5), um dia após a agressão. Manifestantes entraram no bar com cartazes escritos "Foi um Soco", em alusão à violência cometida. O dono ficou em silêncio o tempo todo. Ao longo do dia, em entrevistas à imprensa, Ventura não confirmou a denúncia de agressão.
Na noite da terça-feira (4), em uma confusão, Ventura -- que é popularmente conhecido como "Magrão" -- partiu para a agressão física e desferiu um soco na cliente com quem discutia. Segundo depoimentos de testemunhas, a mulher tentava ir ao banheiro e foi impedida. Outras pessoas chegaram a dizer que ela começou a gritar que estava sendo impedida por racismo. Imagens internas do local também revelam exaltação e um copo de cerveja atirado por parte da vítima.
Relato
Pretícia Jeronimo, presente no ato desta quarta-feira (5), disse que frequenta o bar há mais de dez anos, mas não irá mais. Ela também presenciou a agressão da noite anterior. "Ele [Magrão] deu um soco no rosto dela. Quando eu vi, a confusão estava armada, ela gritava que ele tinha sido racista e ele empurrando ela para fora do bar. Várias pessoas tentando separar, tudo estava quase contornado quando ele saiu de dentro do bar, longe das câmeras do bar e deu o soco", relatou. Para Pretícia, "independente do grau de exaltação dela, ela estava só gritando, tinha metade do tamanho dele".
Giovana Piragine, também presente na noite da agressão. "A mulher queria usar o banheiro masculino e eles começaram a brigar. Depois disso, o mesmo cara foi racista com ela e ela ficou nervosa e jogou um copo no chão. Levaram ela para fora do bar e o dono do bar saiu atrás dela e deu um soco na cara da mulher. Ela, em momento algum, estava jogando copos nos clientes. Ela levou um soco e estava sangrando", apontou.
No evento organizado pela internet, ao longo do dia, antes da manifestação, vários posts foram escritos relatando o caso e também outros atos de violência cometidos por Magrão contra clientes, moradores de rua e contra casais homossexuais. Na noite da agressão, o dono do estabelecimento foi levado à delegacia, assinou um termo circunstanciado e foi liberado. Nessa quarta-feira (6), Magrão abriu o bar normalmente no momento da manifestação.
O Brasil de Fato Paraná não conseguiu contato com Arlindo Ventura até a publicação da reportagem. A mulher agredida está sendo acompanhada por advogadas e ainda não irá falar com a imprensa. Na tarde dessa quarta-feira (5), ela esteve na Casa da Mulher Brasileira para denunciar a agressão e informou que concederá uma coletiva para imprensa nos próximos dias.
Fonte: BdF Paraná
Edição: Camila Maciel e Lia Bianchini