Mineração

Sem indenizações, produtores rurais protestam em frente a complexo da Vale no Pará

Famílias acusam a mineradora de postergar propositalmente pagamento de indenizações

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Produtores cobram que Vale cumpra acordo firmado para explorar ferro na região - Associação das Famílias dos Produtores Rurais da Gleba Buriti / Divulgação

Dezenas de pequenos produtores rurais de regiões próximas ao município de Canaã dos Carajás (PA) montaram acampamento em frente ao Complexo S11D, o maior projeto de mineração da história da Vale.

Os manifestantes pedem que a mineradora agilize os processos de pagamento de indenização a famílias que têm terras no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos, criado como contrapartida ambiental para instalação do empreendimento.

Quase 100 famílias vivem na região e, segundo os produtores, estão impedidas de plantar. Alguns moradores estão no local há cerca de 40 anos. Rosanio Araújo, um dos trabalhadores rurais, afirma que desde outubro do ano passado o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) assinou um termo de acordo técnico que possibilitaria o início dos pagamentos e a retirada das famílias do local. No entanto, a Vale não se mobilizou para resolver a questão. 

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“A gente está numa situação precária há muitos anos, na luta, sofrendo e pelejando. A Vale dá as costas e mantém silêncio. A parte técnica está pronta, só falta ela ir lá assinar. A parte do ICMBio está toda organizada e ela não comparece. Isso cansa a gente. Criaram o parque bruscamente e sem conhecer a situação da comunidade.”

Na quarta-feira (5) o grupo chegou a ocupar por algumas horas um trecho da linha ferroviária que transporta o ferro produzido no Complexo S11D. A ferrovia possui 892 quilômetros de extensão, termina Porto de Ponta da Madeira, em São Luís (MA) e foi duplicada com o projeto S11D, que custou mais de US$ 14,3 bilhões.

Em nota, a associação dos moradores informou que a Vale prometeu os pagamentos até janeiro deste ano, após uma reunião que contou com a presença do prefeito e de vereadores de Canaã. No entanto, segundo o texto, desde então, o setor jurídico da empresa não atende mais o advogado do grupo e o processo está travado.

Sem previsão

Também em nota a mineradora informou que apoiará o ICMBio nas indenizações referentes aos direitos que o ICMBio apurar nos processos individuais de desapropriação dos ocupantes do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos, mas não especificou quando vai iniciar os pagamentos determinados pelo governo federal. 

Edição: Rodrigo Chagas