Cerca de 15 famílias do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), em Sergipe, desenvolvem há quatro anos o plantio de arroz com práticas agroecológicas, ou seja, livre de transgênicos e agrotóxicos e respeitando a agrobiodiversidade da região. Os agricultores são das comunidades de Soldeiro, em Neópolis; Ponta de Areia, em Pacatuba; e Serrão e Bongue, em Ilha das Flores, todas na região do Baixo São Francisco. As experiências de cultivo começaram em 2016 com a parceria entre o MPA, a Cáritas Diocesana de Propriá e o Projeto Dom Távora/Seagri/Fida, que financiaram parte da produção.
Com o encerramento do projeto, o momento agora é de comemoração, com a primeira edição da Festa da Colheita do Arroz: Construindo Transição Agroecológica. A comemoração começa nesta sexta-feira (14) às 14 horas, na Comunidade Betume II, em Ilha das Flores, com a participação de grupos culturais, ida a campo para ver e participar da colheita do arroz, um ato religioso e uma mesa de debate com movimentos e organizações parceira e bandas de forró pé de serra. O evento contará com a presença da vice-governadora de Sergipe, Eliane Aquino; do secretário de Agricultura, Abastecimento e Pesca, André Bonfim; do coordenador do Projeto Dom Távora, Gismario Nobre; e dos mandatos populares do deputado federal João Daniel (PT) e deputado estadual Iran Barbosa (PT).
Após quatro anos, o saldo é positivo. As famílias, com apenas 17 hectares de terra, conseguiram produzir cerca de 150 toneladas de arroz agroecológico entre 2019 e 2020, fazendo um contraponto à forma como os produtores convencionais produzem e distribuem o arroz.
“Foi um desafio. Existe um uso muito grande de agrotóxicos aqui na região, e além disso a rizicultura convencional tem pouca autonomia, porque é levado para outras regiões e vendida por atravessadores. O arroz que fica na região não é suficiente para o consumo, porque a estrutura comercial daqui não possibilita a venda pelos próprios agricultores” explica Elielma Barros, integrante da direção estadual do MP/SE.
Diante desse cenário, a comemoração da colheita é uma prova da possibilidade de produzir na região de maneira ambiental e socialmente sustentável, mas que também precisa de investimento público para crescer.
“Nós estamos comemorando porque é possível produzir alimento saudável nessa região a partir da agroecologia e também estamos cobrando as autoridades por investimentos para construir mais experiências agroecológicas, porque esse é um compromisso do movimento, mas a gente precisa de políticas públicas que possam fortalecer as práticas na região”, elenca a dirigente.
Fonte: BdF Pernambuco
Edição: Monyse Ravena e Camila Maciel